Páginas

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capítulo 35


Acordar exatamente não foi o que eu fiz já que fechar os olhos foi o que eu não fiz a noite toda, eu me levantei e fui tomar um banho quando ouvi barulhos da minha mãe pela casa. Depois do banho eu desci e minha mãe me obrigou a comer uma torrada com leite.
- Filha, você vai ficar a tarde toda lá de novo? – Perguntou minha mãe me tirando do transe que eu me encontrava enquanto mastigava um pedaço de torrada como se fosse borracha.
- Claro! – Respondi paciente.
- Mas... E a escola? – Perguntou ela de novo e eu a olhei cética.
- Mamãe, você acha sinceramente, que eu vou conseguir prestar atenção em alguma coisa na escola enquanto o Dougie não melhorar? – Falei devagar e com tom de obviedade na voz.
- Sinceramente não, mas acho que suas amigas pelo menos te distrairia um pouco... – Ela deu de ombros – Mas tudo bem, eu te entendo.
- Obrigada – disse me levantando da mesa. – A senhora me dá uma carona até o hospital?
- Claro que sim, quero saber como ele está também, não é só você quem está preocupada! – Ela disse se levantando também. – Vou só pegar minha bolsa e já volto, espere no carro.
Eu fui para o carro e fique a esperando.
Rapidamente estávamos no hospital, quando chegamos lá apenas Harry estava no corredor.
- Onde estão os outros? – Perguntei assim que me aproximei do garoto.
- Eles foram para a escola... – Respondeu tristemente.
- E você não foi também por que? – Pergunta idiota a minha, mas se os outros tinham ido, porque ele não poderia ter ido também?
- Não tenho cabeça para isso – deu de ombros.
- Filha, vou ver como ele está e ir embora, tudo bem? – Eu tinha esquecido que minha mãe estava comigo e só fui lembrar disso ao ouvi-la me falar.
- Claro mãe, obrigada por ter me trazido! – Eu disse lhe dando um beijo no rosto e ela seguiu um pouco mais a frente entrando no quarto onde Dougie se encontrava.
- Ela gosta dele não é? – Perguntou Harry e eu acenei positivo.
- Por mais que não se conheçam muito bem, ela sabe que ele é legal...
- E ela está certa então – os olhos de Harry começaram a ficar vermelhos e sua voz falha. – Ele não merecia estar nesse estado...
Eu me sentei o puxando também e o abracei de lado e alguns segundos depois, com certa resistência, ele estava chorando no meu ombro.
- Calma Harry, eu sei o que você está sentindo... – Eu não poderia dar-lhe uma palavra de conforto já que eu também precisava de uma, pois me encontrava na mesma situação que ele, só que agora era a minha vez de ser forte e não chorar.
- Você deve estar achando ridículo um garoto chorar não é? – Perguntou ele depois de levantar a cabeça e limpar os olhos.
Ele estava vermelho e seus olhos inchados pelo choro. Sorriu envergonhado.
- Não, eu não gosto de meninos que nunca choram, é do ser humano chorar – eu disse sorrindo de leve para ele.
- Mas é estranho... – Eu revirei os olhos desistindo de discutir com ele sobre isso.
- Bom, vamos vê-lo? – Perguntei levantando e estendendo a mão para ele.
- Claro, eu não queria ir lá sozinho, por isso estava esperando alguém chegar para ir comigo – ele respondeu me abraçando de lado.
- Sou sua heroína – respondi enquanto entrávamos no quarto.
Uma enfermeira se encontrava ao lado de Dougie examinando sua pulsação.
- Olá garotos – ela disse simpática.
- Olá – respondemos juntos.
- Como ele está? – Perguntei.
- Na mesma – ela fez uma cara de sinto muito para nós e saiu.
Nos aproximamos de Dougie, eu de um lado da cama e Harry do outro.
- Hey dude, acorda, você não combina com tanta quietude, você é o mais agitado de nós... Dói te ver assim, de olhos fechados – Harry começou a falar sem vergonha nenhuma por eu estar no quarto com ele. “Esse menino é especial” pensei.
- Isso mesmo Dougie, escuta o Harry, a gente está sentindo sua falta, abre os olhos... – Uma lágrima caiu dos meus olhos. – Por favor!
A última frase saiu como um sussurro e logo eu desabei, alguns segundos depois eu senti Harry me abraçando de lado e eu encostei em seu peito e chorei.
- Acho que agora é sua vez não é? – Harry disse alisando meu cabelo enquanto eu molhava sua camisa.
- Não quero chorar, mas... – Não consegui terminar de falar.
- Tudo bem pode chorar – Ele disse me reconfortando.
Ficamos ali no quarto por algum tempo, claro que parei de chorar algum tempinho depois e ficamos conversando com Dougie e lembrando das coisas como se ele estivesse participando da conversa.
- Suh, eu vou ir ao banheiro – Harry disse indo para a porta.
- Eu vou com você, também preciso ir – disse o acompanhando.
Fomos juntos até as portas dos banheiros até o corredor que dividia os banheiros masculinos e femininos, demorei mais que Harry, óbvio, e quando voltamos ao quarto qual não foi nossa surpresa.
- O que vocês fazem aqui? – Perguntei confusa.
- Viemos ver como Dougie está – Paola respondeu com pesar na voz.
- É, os garotos disseram que ele estava internado em coma e aí resolvemos vir depois das aulas – Thiago respondeu vindo me abraçar. – Sinto muito Suh.
- Ele não morreu ainda... – Respondi de reflexo pela forma que Thiago pronunciou a frase.
- Desculpa, não quis lhe dar essa impressão – ele disse sem graça.
- Não, tudo bem, desculpe a mim – eu disse sem graça também.
- Há quanto tempo ele está aqui? – Perguntou Paola.
- Tem alguns dias – Harry respondeu se sentando no sofá.
- E ninguém ficou sabendo... – Ela disse franzindo a testa.
- É, preferimos não contar para ninguém, mas a Suh descobriu – Ele olhou para mim cético.
- E porque não queria avisar ninguém? Acharam que pensaríamos que ele tinha evaporado do mapa? – Perguntou Thiago, inconveniente.
- Claro que não, só achávamos que ele iria acordar rápido, a tempo de ninguém saber da história.
- Ah sim – Thiago respondeu se levantando.
- Vou indo embora, você vem Paola? – Perguntou o garoto para a prima.
- Não Thiago, eu vou depois, pode ir... – Ela deu um sorriso fraco para ele.
Paola ficou a tarde toda conosco, Tia Sam, Jazzie e as garotas vieram ver como Dougie estava junto com os guys, todos estavam tão comovidos que até o Jones parou de implicar com a Lara, “ok gente, mesmo meu namorado estando em coma eu tenho que prestar atenção no mundo tá?”.
Já era hora de voltar para casa e Paola ainda estava lá no hospital, eu não gostei muito disso, ela nem falava com ele direito, mas tudo bem, vai que ela queria fazer companhia para mim? Ou ela estava querendo ficar sozinha com o Dougie para beijá-lo. “Mesmo Dougie estando desacordado eu POSSO sentir ciúmes ok?”.
- Você quer carona Paola? – Perguntou minha mãe para a garota que estava saindo para o corredor conosco, Harry ficaria com Dougie até a Tia Sam aparecer.
- Não, depois eu vou de táxi, podem ir – ela deu um sorriso amarelo e eu quis ficar, mas Harry estaria ali e ela não faria nada com MEU Dougie lindo.
- Tudo bem, boa noite então – Dona Cintia atirada que só ela foi e deu um beijo na garota.
- Boa noite Tia – “Espera, eu ouvi ela chamar minha mãe de Tia? Quem lhe deu essa liberdade?”
- Boa noite – disse o mais natural possível me corroendo de raiva por dentro.
- Boa noite Suh, durma bem – ela me deu um beijo no rosto.
Saímos do hospital comigo pisando duro, com raiva e o coração doendo. Quando chegamos em casa eu fui direto para o banho e depois deitei na cama pensando ser para mais uma noite sem dormir.
Deitada na cama eu fiquei pensando o porquê daquela raiva que eu estava sentindo da Paola, ela é uma pessoa legal e gosta de ajudar as pessoas, na visão das outras pessoas. Aos meus olhos, não sei por que, mas parece que era tudo falso, cada palavra que ela dizia, cada sorriso...
Sem querer eu acabei pegando no sono.

ON Dougie’s POV’s

Acordei e olhei para o lado e a primeira pessoa que vejo é uma garota linda, eu me lembro dela, mas não sei quem é, ela está distraída lixando a unha.
- Oi... – Comecei a falar e minha voz quase não saiu, minha garganta doeu e minha cabeça latejou.
- Dougie! – A garota pareceu assustada e logo depois abriu um sorriso. – Você acordou, espera aqui que eu vou chamar uma enfermeira!
Ela saiu correndo do quarto antes que eu pudesse dizer algo. Mas quem era aquela menina? Porque eu estou deitado nessa cama? Tentei me levantar, mas novamente minha cabeça doeu.
- Aaai – resmunguei.
- Dougie! – Ouvi uma voz masculina me chamar, era conhecida.
- Quem é você? – Perguntei confuso para o garoto que estava com os olhos lacrimejando olhando para mim emocionado. – Porque eu tenho a impressão de te conhecer?
- Dude, você não se lembra de mim? – Perguntou agora meio triste.
- Não, mas eu me recordo do seu rosto – ele pareceu mais aliviado.
- Dude, eu sou o Harry Judd, seu melhor amigo... – Quando ele disse esse nome vieram vários flashes na minha cabeça.
- Harry... Eu me lembro de você... Você é um baterista... E namora uma menina... – Não soube definir como era a menina e cresceu dentro de mim uma raiva ao lembrar dele com a menina, mas eu me contive.
- Não namoro ninguém , mas sim, sou baterista! – Ele disse sorrindo fraco.
- Ah, desculpa... – Ficamos em silêncio algum tempo até que a curiosidade me venceu. – O que aconteceu comigo?
- Você... Bem, você sofreu um acidente e ficou em coma por alguns dias – Harry me falou e eu ouvi o “pi-pi-pi” irritante da máquina que media minha pulsação aumentar de uma hora para outra.
- C-como assim? Acidente? Coma? – Eu estava ficando tonto.
- Calma dude, calma, já passou... – Ele ficou apurado com meu jeito. – Olha, vou ligar para a Susan, ela vai ficar muito feliz de te ver acordado...
- Quem é Susan? – Perguntei abobalhado.
- É a sua namorada Dougie... – Harry pareceu surpreso, e eu também, nem imaginava que eu tinha uma namorada.
Fiquei calado até que a porta se abriu.
- Dougie, meu amor, eu trouxe os médicos! – Aquela garota que estava no quarto quando acordei entrou no recinto toda sorridente.
- Amor? – Harry perguntou assustado.
- É, você não sabia que somos namorados? – Perguntou a menina. Realmente ela é linda, só que eu não sentia que isso era verdade, parecia faltar alguma coisa nessa minha namorada.
- Oi amor, eu estava com saudade, chorei muito, mas nunca achei que você ia me deixar sozinha aqui por mais tempo, você é forte! – Ela me deu um selinho.
- Paola, você está louca? – Harry perguntou do nada todo vermelho, ele fica assim quando ta nervoso ou estressado, no caso pareceu os dois.
- Quem é Paola aqui? Sou a Susan! – Fique mega confuso ali no quarto, enquanto isso os enfermeiros ainda mexiam em mim, mas alguns segundos depois eles saíram. – Paola ficou em casa, aquela insensível.
-Você é mesmo minha namorada? – Perguntei desconfiado.
- Claro que sou... – Respondeu ela convicta.
- Não Dougie, ela não é sua namorada, ela é a Paola, prima do Thiago que quer ficar com a Susan, não acredita nela! – Harry começou a falar e eu comecei a lembrar.
- Hey garota, você tem algum tipo de problema de cabeça? – Harry perguntou para Paola que estava o olhando indignada.
- Dougie, não acredita nele, ele gosta de mim e quer ficar comigo, por isso que ele está falando essas barbaridades! – Ela se defendeu.
- Barbaridade é o que você esta fazendo, sua safada, desde que te vi eu sabia que você não era gente boa... – Harry começou a falar e um enfermeiro chegou no quarto mandando eles saírem que eu precisava descansar, mas antes de sair a Paola veio e me deu um outro selinho.
- Até agorinha amor! – Saiu em seguida e Harry tentou vir falar comigo, mas o médico chegou e mandou ele sair.