Páginas

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Capítulo 27

Chegando em casa, eu entrei quase levando o portão comigo de tanta pressa.
- Calma Suh, assim você não chega viva lá dentro – Ela disse rindo quando eu tropecei no degrau da escada que levava a porta.
- Eu sei, é que estou nervosa! – Disse rindo com ela.
Abri a porta e entrei, nem me dei o trabalho de ser educada e esperar Maira entrar e fechar aporta, ela sabe fazer isso. Fui quase correndo para a cozinha e pude sentir Maira atrás de mim, ela parecia tão nervosa quanto eu, não é para menos, ela sempre soube do um sofrimento, do que eu não falava nem para minha mãe. Amo tanto ela que se fosse homem eu casava com ela, sério.
Quando abri adentrei a cozinha eu estava sorrindo por dentro, mas com o semblante sério, não iria chegar pulando em John, claro que não, mas era o que eu queria fazer.
- Oi gente, cheguei – disse levantando a sobrancelha esquerda quando vi Marcelo ali conversando com John e minha mãe naturalmente como se aquilo fosse coisa que eles faziam todo final de semana.
- Susan – John disse cauteloso.
Continuei calada e agarrei o braço de Maira para me sentir mais protegida e confortável pela presença inesperada de Marcelo ali.
- Não sabia que ele ia var para uma conversa familiar – eu disse desafiadoramente.
- Se é familiar, porque ela está aqui? – Marcelo apontou para Maira e eu o fuzilei.
- Porque ela é família, ela é minha melhor amiga e irmã de consideração que sabe mais d mim do que eu mesma às vezes – lancei um olhar cínico e vitorioso para ele.
- Chega vocês dois! – minha mãe disse brava.
- Parei – eu disse revirando os olhos e cruzando os braços, eu deveria saber que nada na minha vida é do jeito que eu pensava.
- Bom mesmo porque o assunto aqui é sério – ela disse com um tom de autoridade na voz enquanto eu me sentava na mesa ao lado de John e Maira se sentou do meu outro lado. Marcelo e minha mãe se sentaram do outro lado de frente para nós.
- Bom, creio que se todos estamos aqui, é porque todos sabemos de tudo o que está acontecendo né? – ela enfatizou as palavras todos e tudo e depois olhou para Maira que acenou.
- Eu contei tudo para a Maira – disse convencida, minha mãe me lançou um olhar repreensivo que eu ignorei, a vida é minha e eu conto o que eu quiser para quem eu quiser. - Ninguém me pediu segredo!
- Tudo bem, ela tem razão – John disse e eu tive vontade de abraçá-lo pelo menos ele me defendia, mas eu apenas olhei para Maira sorrindo e ela sorriu para mim de novo, ela entendeu que eu me achei o máximo por ele ter falado aquilo.
- Vamos recapitular o que aconteceu. – eu disse chamando a atenção de todos na cozinha. – Já vou avisando que esse é o meu ponto de vista, o que eu entendi...
Ninguém disse nada e eu continuei.
- Minha mãe está grávida e vai se casar com o Marcelo, o John, meu pai – quando eu disse isso ele abriu um sorriso luminoso maior que o do Tom mais cedo quando chegou de surpresa e ouviu o que Maira disse. -, resolveu voltar para a cidade para o caso de não dar certo eu morar com o Marcelo e minha mãe eu ir morar com ele, mas como eu não queria o ver nem pintado de ouro até ter uma conversa reveladora com minha mãe hoje ainda vocês tinham medo de falar isso para mim.
- Exatamente! – John mesmo confirmou ainda sorriso, sua feição estava diferente, uma que uma palavra não faz?
- Bom, agora é a vez de vocês falarem, uma vez que eu já entendi tudo e o assunto não é mais apenas hipotético para mim – será que estou querendo impressionar com minha “maturidade”? Falei bonito agora!
- Agora vou explicar o motivo de Marcelo estar presente aqui hoje – minha mãe disse olhando direto para mim, uma direta bem direta hein! – É que queremos avisar que vamos nos casar daqui há um mês.
Entrei em estado de choque, senti Maira segurar uma de minhas mãos e John segurar a outra.
- Desde... Desde quando...? – Não conseguia falar, tinha um nó na minha garganta, o sentimento de traição foi enorme, armaram tudo pelas minhas costas, não conseguia olhar para minha mãe, mas eu já tinha feito a promessa que não choraria, eu estava parecendo uma criança esses dias, se eu recebesse um não de alguém chorava.
- Desde que descobri que eu estava grávida, mas marcamos o dia do casamento essa semana.
- Por isso você andava tão estranha? Acordando mais cedo que eu, me mimando? Eu sabia que você queria me dizer algo... – eu disse ainda lunática.
- Isso mesmo, para você ver que não escondemos nada de você por muito tempo, mas o problema era que você não parava muito em casa e quando estava acompanhada, dormindo ou eu não estava em casa – ela disse adivinhando que eu estava me sentindo traída.
- Tem mais... – Marcelo disse e eu o fuzilei com os olhos, não suporto a voz dele, não sei se vou conseguir morar na mesma casa que ele, e agora infelizmente eu teria um irmão tendo ele como pai.
- Tem mais? – Perguntei para minha mãe depois de desviar o olhar do idiota.
- Nós vamos nos mudar para uma casa maior semana que vem – eu arregalei os olhos surpresa.
- MAS JÁ? – gritei sem querer e todos se assustaram na mesa, inclusive eu mesma por minha voz ter saído alta demais.
- Vamos para a casa que eu comprei aqui mesmo nessa rua, aquela da esquina. Ela é maior que essa, tem cinco quartos, todos são suítes, duas salas, duas cozinhas, um quintal enorme com uma piscina, é de dois andares, e tem um terraço, sua mãe disse que você gosta de olhar as estrelas... E o melhore de tudo, você vai poder levar suas amiguinhas lá direto.
Não gostei do jeito que ele falou amiguinhas, eu estremeci na base.
-Tanto faz a casa, o que importa é quem está dentro dela, não adianta morar numa mansão e morar com gente desprezível. Preferia morar num barraco de favela com gente que eu amo – joguei uma indireta nada discreta na cara dele e finalizei com um sorriso sínico.
- Para isso que John está aqui! – Ele retrucou.
- Vai se ferrar – rebati novamente estressada.
- Chega! Vocês terão que superar essa desigualdade, não podem ter uma brechinha que começam a discutir! – Minha mãe se estressou com nossa discussão.  Fiquei quieta no meu canto sem falar mais nada.
- Bom, chegamos no ponto crítico, Suh, não queríamos colocar você nessa posição, mas é impossível escolhermos por você... – John se manifestou – Você vai ter que decidir com quem você vai querer morar, com sua mãe ou comigo.
- O quê? Já? Assim de repente? Não vou ter tempo para pensar pelo menos? – Dei um ataque, me levantei da cadeira e comecei a gritar feito uma louca – vou ter que escolher com quem eu vou morar assim? Numa tarde? Ou eu escolho morar numa casa com minha mãe e o namorado infernal dela ou morar com o meu pai com que eu nunca tive muito contato e que eu ainda preciso conhecer porque a última vez que fizemos papel fraternal eu ainda usava fraudas?
Eu estava andando de uma lado para o outro na cozinha, ninguém me interrompeu e ai de quem fizesse isso também, eu estava fora de mim.
- Suh, se acalma... – Maira se manifestou pela primeira vez desde que se sentou. – Eles vão te dar um tempo para pensar não é? – Ela olhou para os três sentados na mesa que acenaram leve e rapidamente.
Ela se levantou, veio até mim e me levou até a cadeira que eu estava antes.
- Te daremos alguns dias para analisar e escolher Susan, não precisa desse show todo – Marcelo retrucou assim que eu me sentei rendida pelas palavras de Maira.
- Dá para parar de provocá-la? – Minha mãe ralhou com Marcelo que fez uma cara que mesmo eu com raiva não consegui segurar a vontade de rir e lancei um olhar de “bem feito” para ele. Minha mãe se virou para mim e eu voltei minha feição para aborrecida. – O Marcelo tem razão, nós vamos lhe dar alguns dias para pensar.
- Isso é tudo ou tem mais uma bomba para jogar em cima de mim e me deixar mais nervosa, estressada e querendo me matar? – Eu disse me levantando.
- Sim – John me disse e eu olhei surpresa para ele – que você faça uma escola sábia, que faça você feliz.
- Obrigada! – agradeci por ele ser educado e ser o único adulto ali a pensar nos meus sentimentos.
- Cintia, tenho que ir, tenho que contratar algumas pessoas para poder cuidar da nossa casa – Marcelo disse eu senti uma pontada no peito, eu adoro essa minha casa pequena na qual eu cresci, tudo bem que morar numa casa grande, com piscina e ainda mais com um terraço para poder ver as estrelas era perfeito, pena que a casa tinha um defeito. Seu dono.
- Tudo bem amor – eu fiz uma careca quando minha mãe disse isso e deu um selinho nele, para me distrair eu me virei para John que também olhava a cena lamentável.
Das fotos que minha mãe havia me mostrado ele não havia mudado quase nada. Seu cabelo ainda era preto e farto, seus olhos ainda eram verdes, só algumas rugas haviam aparecido embaixo dos olhos quando ele sorria, o que ele fez quando percebeu que eu o olhava.
- O que foi queria? – Ele me perguntou com um sorriso terno.
- Nada, eu estava pensando que você é homem que eu sempre imaginei que queria para ter como pai... Em pensar que eu poderia ter sido menos cabeça dura e ter te aceitado quando você tentou se aproximar de mim... – Eu parei de falar, estava com vergonha de continuar.
- Não se culpe, a culpa foi minha de nunca ter vindo te visitar por egoísmo – ele disse com o olhar triste. – Se eu voltasse no tempo passaria por cima do meu orgulho e viria te ver sempre, talvez assim eu teria evitado tanto sofrimento.
- Mas não pode – eu disse pegando uma das mãos dele. – Então vamos viver cada minuto a partir de agora e esquecer o que se passou.
- Me desculpa? – Ele disse com os olhos cheios de lágrimas e então percebi que uma lágrima caiu dos meus olhos.
- Claro, nem tem o que perdoar... Pai! – Eu disse isso e logo em seguida ele me deu um abraço forte, porém terno chorando tanto que estava começando a soluçar.
- Você não sabe o quanto eu esperei ouvir você falando isso para mim – ele disse quando e acalmou um pouco.
- Você não imagina como essa palavra ficou engasgada na minha garganta a vida toda – eu disse e ele pegou as minhas mãos e beijou.
- Nunca imaginaria que uma menina de 15 anos pudesse ser tão madura como você é! – Ele disse me levantando – Como você é bonita, nem parece aquele bebê que eu pegava no colo quando tinha apenas alguns dias de vida...
- É, eu cresci, estou até namorando! – Porque eu disse isso? me arrependi na hora, porque eu tinha que ter falado isso agora? Não precisava, nem minha mãe sabia ainda... De repente caiu a ficha que Maira e minha mãe ainda estavam na cozinha ainda, principalmente quando a voz da minha mãe pairou pelo ar me fazendo tremer pelo tom de sua voz.
- Que história é essa? – Merda, agora teria que contar tudo para ela e agora que eu tinha feito as pazes com meu pai teria que contar para ele também.
Olhei para Maira e me sentei.
- Sentem-se vocês dois, a história não é longa, mas assim é mais confortável.
Eles se sentaram e eu comecei a contar tudo, do dia em que eu vi ele na praça até o dia em que ele me pediu em namoro. Algumas partes minha mãe sabia, mas tinha alguém ali no cômodo que nem sabia quem era Dougie então tive que contar tudo né! Ainda bem que eu tinha Maira ali do meu lado para ajudar a contar algumas partes.



Capítulo 26

Me virei e dei de cara com o Tom se aproximando de nós.
- O que foi Mai, parece que viu um fantasma – eu disse me virando para ela. Achei que era alguém que ia nos matar pela cara que ela fez. Ela disfarçou um pouco a expressão louca que ela estava e começou a falar normalmente comigo.
- Suh, depois quero te falar uma coisa...
- Ta bom – só deu tempo de responder isso, Tom tinha chegado onde nós estávamos sentadas.
- Hey Tom! – Eu disse me levantando e dando um beijo no rosto dele.
- Oi Suh – ele disse me dando um beijo na bochecha também.
- Oi Tom – Maira disse num tom tímido, seja o que for que ela quer me contar tem algo haver com o Tom, tenho certeza.
- Oi – Tom respondeu seco, eu não entendi nada. – O que vocês fazem por aqui? Achei que a praia de vocês era a pista...
Ele disse enquanto eu me sentava novamente onde estava antes.
- A gente se cansou de lá... – Eu disse rindo e ele sorriu e mostrou a monocova dele, é tão linda. – E você? O que faz por aqui?
Ele ficou sem graça.
- Eu estou indo para a biblioteca, vou pegar uns livros sobre astronomia para eu ler – ele disse meio sem jeito e eu comecei a rir.
- Ai Tom, você é muito nerd! – eu disse ainda rindo e ele tampou a cara com as mãos.
- Ah é que eu estava sem nada para fazer, no tédio, e os meus livros vão chegar daqui há uma semana...
- Não tudo bem, eu só estava brincando com você, agora vai lá senão a biblioteca fecha, já é quase cinco horas.
- Oh God, é mesmo! Ainda bem que ela fica aqui na praça mesmo senão eu estava ferrado – ele falou correndo para a única construção que havia no meio da praça onde foi instalada a biblioteca municipal. – Tchau Suh...
- Tchau – respondi para o vento já que ele havia sumido no pequeno corredor que dava acesso à porta da biblioteca. – Porque ele não falou tchau para você? Pode me falar o que você queria me falar, aposto que tem algo haver com ele.
Semicerrei os olhos para a Maira que encolheu no banco?
- Acertou – ela disse meio sem jeito.
- Hum, você está gostando dele e ele descobriu e está te dando um gelo? Não, o jeito que ele te tratou está mais para um toco ou algo que você falou para ele e ele não gostou... – Eu disse mais para mim que para ela, como se estivesse analisando as alternativas em voz alta – Ou...
- CHEGA SUSAN! – Maira explodiu e eu quase caí do banco de tanto susto – Deixa eu falar, pode ser ou está difícil?
- Fala – eu falei com a voz reprimida.
- Bom, hoje durante a aula, o Harry falou para a Pri que o Tom estava afim de mim, me achava legal e essas coisas, daí eles armaram para nós ficarmos na saída da escola, nós ficamos em frente a quadra – ela disse tampando a cara com as mãos, tentando esconder a vermelhidão que eu já havia visto antes desse gesto.
- Tá, e daí? Você beija tão mal assim para o Tom te tratar desse jeito? – Eu perguntei rindo dela.
- Não, não é por causa disso, é porque depois que nós terminamos o beijo, ele disse que estava afim de mim e que queria tentar um namoro comigo, mas eu fiquei com medo não sei de quê e falei que não estava pronta para namorar, mas que eu gosto dele... – Ela disse e eu fiquei olhando para ela com a minha melhor cara de indignada.
- Você recusou namorar com ele? – Eu estava com os olhos arregalados e de boca aberta.


ON Maira’s POV’s

- Mais ou menos... – Eu disse com vergonha, Susan me olhava indignada, mas o que eu podia fazer? Eu achava tão legal ser amiga dele que tinha medo de perder essa amizade com um namoro.
- Mas você gosta dele né? – Ela me perguntou e eu caí no meu sonho de fantasias.
- Sim, ele é tão lindo, fofo, engraçado, perfeito... – Eu disse e tinha certeza que estava com cara de boba sonhadora e Susan ria muito de mim.
- Esqueci de falar que ele é inteligente, romântico, fofo, engraçado, lindo.
- Você já disse isso! – Ela disse e eu percebi que tinha repetido mesmo os adjetivos. – Mas me responde uma coisa.
- Pergunte – rebati.
- Porque você não aceitou namorar com ele quando ele te pediu? – Ela perguntou, gostaria que ela tivesse lido minha mente que assim eu não precisaria repetir o que havia pensado há pouco.
- Porque eu adoro ser amiga dele, amo mesmo, e tenho muito medo de perder a amizade dele – eu disse com um tom de lamento na voz.
- Só por isso? Sabia que quando se namora um amigo a amizade faz é aumentar e não diminuir?
- Já pensei nisso, e agora estou arrependida de não ter pedido um tempo para pensar e sim dar um toco no Tom! – Eu disse soltei todo o ar do pulmão, com raiva de mim mesma.
- Então olhe para trás – Susan disse e eu olhei confusa para ela e olhei para trás logo depois.
Meu coração parou quando eu vi quem estava atrás de mim com um sorriso maior que o Sol.
- Tom? Você não estava na biblioteca? – foi a única coisa que consegui dizer comum esforço sobrenatural.
- Ela estava fechada... - Ele não disse nada, apenas veio até mim, que estsva de pé pelo susto que levei e me deu um beijo, digamos, caliente e eu retribuí agarrando os cabelos dele e apertando seu rosto contra o meu, como se isso fosse natural.
Depois que ele separou seus lábios dos meus eu fiquei zonza, e ao olhar para os olhos brilhantes dele vi toda a felicidade que continha dentro dele. Ficamos nos olhando por alguns instantes até ouvirmos um pigarreio que nos fez voltar para o planeta Terra. Susan estava sentada olhando para nós sorrindo com ternura.
- Você começou a fazer essas perguntas por que ele estava atrás de mim não é? – Perguntei para ela que acenou com um sorriso sapeca no rosto.
- E você senhorito? Quem disse que pode ficar ouvindo a conversa de garotas? Isso é muito feio – Eu disse pressionando o dedo indicador no nariz dele.
- Mas valeu a pena dessa vez – ele disse me roubando um selinho e eu dei um tapa no braço dele.
- É, valeu – eu disse agora roubando outro selinho dele.
- Dá pra parar de ficar roubando selinhos um do outro que agorinha isso dá um beijo que eu não quero ver? – Susan perguntou e nós rimos.
- Tudo bem senhorita invencível! – Eu disse sentando no banco com Tom do meu lado.
- Bom, vou repetir a pergunta que eu fiz hoje de manhã – Quando Tom disse isso meu coração acelerou e minhas mãos começaram a suar, se eu estivesse em pé minhas pernas vacilariam, mas com tudo isso eu sabia o que ia responder. Eu olhei para Susan e ela estava me olhando com um sorriso luminoso e eu retribuí, eu amo tanto essa menina, ela sempre me ajuda quando eu mais preciso, por isso eu a ajudo também.
Tom se levantou, parou na minha frente de joelhos pegou minha mãe direita e com a outra ele tirou a mão esquerda que tampava minha cara de vergonha e segurou meu rosto pelo queixo para que eu olhasse dentro de seus olhos.
- Maira Hopkins, quer namorar comigo? – Ele perguntou e eu só sabia rir dele, que coisa mais careta e de mil e antigamente, mas foi fofo.
- Sim – eu respondi sorrindo mais que ele.
- Que coisa mais fofa! – Ouvi uma voz masculina falar ironicamente bem na hora que íamos nos beijar de novo, intrigada eu parei de me aproximar de Tom e olhei na direção da voz.
- Thiago! Paola! – Ouvi Susan resmungar – Mai, acho que essa praça aqui está sendo movimentada pelas mesmas pessoas que vão na pista, temos que achar outro lugar para fofocar em paz! – ela cochichou para mim e Tom riu.
- Concordo Suh – respondi no mesmo tom que ela.
- O que vocês fazem aqui? – Susan perguntou, era segunda vez que ela pergunta isso em menos de uma hora.
- Estávamos no cinema e o carro do Thiago está ali – Paola mostrou para um Peugeot preto atrás de nós.
- Um Peugeot novo? Ta podendo hein! – Tom disse com uma cara deslumbrada.
- Ganhei de aniversário – Thiago disse dando de ombros, devia estar acostumado a mimos desse jeito.
O celular de Susan deu um bip e ela o pegou do bolso. Enquanto ela lia Tom começou a falar sobre o carro com Thiago, Paola ficou mexendo no iPhone dela e eu boiando na maionese.
- Gente, vou ter que ir, minha mãe... Er... Deixa para lá... – Ela disse se levantando.
- Vou com você – disse me levantando também.
- E eu Mai? – Tom fez biquinho para mim.
- Vá para casa que mais tarde eu vou lá – disse mandando um beijo para ele que fingiu pegar e coloca no peito, eu revirei os olhos rindo.

Susan quase corria de tão rápido que estavam seus passos.
- Calma Suh, você logo ali na frente... – Ela continuou no mesmo passo – O que aconteceu?
- Meu pai está lá em casa – ela disse pai com um sorriso empolgado no rosto, parece que ela estava gostando de ter um pai na vida dela.
- E eu te atrapalhando, vou voltar para a praça, beijos... – eu disse parando para me virar mas ela me puxou pela blusa.
- Nem pensar senhorita, você vai comigo, você é a única que sabe disso ainda e depois você vai me ajudar a lembrar dos detalhes para contar para o mundo como eu me reconciliei com o John.
- Tudo bem – eu disse rindo dela.

OFF Maira’s POV’s


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Capítulo 25

Quando a tensão passou, tive uma tarde alegre com minha mãe comendo bobeiras e assistindo filmes clássicos com ela, eu até havia me esquecido do ocorrido como Thiago na escola, mas quando minha mãe recebeu uma ligação de Marcelo e foi se arrumar para sair com ele e me deixou sozinha, o turbilhão de preocupações me tomou de novo.
Quando deitei na minha cama me bateu uma vontade louca de dividir o que aconteceu comigo com alguém, precisava que alguém soubesse e conversasse comigo, mas que essa pessoa não estivesse enrolada na encrenca. Precisava falar não só dobre o retorno de John, mas também sobre as novidades que mudarão minha vida para sempre.
Peguei meu telefone e disquei o número de Maira, chamou por alguns segundos até eu ouvir um bip e logo após a voz conhecida.
- Oi Suh?
- Oi Mai, a fim de conversar hoje? – Disse para ela que tinha novidades indiretamente.
- O que você quer me falar? – Ela entendeu na hora.
- Tanta coisa – disse esvaziando meus pulmões.
- Me encontra na pista daqui há 15 minutos então?
- Não, na pista não – Lá era um local muito movimentado por pessoas que conhecemos e sempre podia aparecer alguém.
- Então na praça em frente ao cinema? – Ela sugeriu o lugar perfeito, raramente encontramos conhecidos por lá.
- Perfeito, mas é para me encontrar lá daqui à 10 minutos – exigi, a praça era mais perto da casa dela então não via porque demorar tanto.
- Tudo bem, vou estar lá – ela disse e mesmo pelo telefone soube que ela estava sorrindo – Só não morra antes de aparecer que eu estou curiosa.
Dei uma risada alta do comentário dela.
- Tchau Mai – disse ainda rindo.
- Tchau Suh – ela respondeu rindo também.

Cinco minutos após ter desligado o celular eu já estava saindo de casa e fui me arrastando até a praça para o tempo passar mais rápido. Quando eu dobrei a esquina vi que ela já estava lá e logo ela me avistou.
- SUUUUUUUUUUUUUUUH! – Ela me gritou abanando os braços freneticamente, eu morrendo de vergonha acenei para ela indicando que eu já a tinha visto e ela parou de acenar, aí eu comecei a andar mais rápido para onde ela estava, mas podia jurar que eu estava vermelha ainda.
- Por que não pegou um megafone e um nariz de palhaço que chamava menos atenção – eu disse rindo ao chegar perto da doida.
- Engraçadinha – ela disse me mostrando língua. – Agora me conta, hoje eu saí mais cedo e nem conversamos muito né? – Ela começou a cuspir as palavras e eu comecei a rir.
- Você tomou coca-cola e comeu chocolate ao mesmo tempo ou bebeu mesmo cachaça? – Eu disse rindo – Respira um pouco...
- Haha, você me conhece mesmo né? Tomei coca-cola comendo chocolate – ela disse rindo e pulando ao mesmo tempo.
- Claro, você geralmente é mais quieta, ou menos louca – eu disse puxando ela pra se sentar num banco pra conversarmos. Mas vendo ela naquele estado acho que ela não levaria as coisas a sério, então resolvi dar algo pra ela pra cortar o efeito.
- Vem, vamos na padaria comprar algo salgado... – Puxei ela contra vontade até a padaria que ficava em frente a praça, comprei um enroladinho e fiz ela empurrar para dentro.
Eu fiquei ouvindo ela falar besteiras e rindo das mesmas até ela voltar ao normal e se lembrar de que eu tinha algo para falar.
- O que você queria me falar? – Perguntou ela lúcida agora.
- Bom, é tanta coisa...
- Veio contar para a pessoa certa - ela disse com um sorriso meigo na cara que me fez ficar confiante de contar tudo para ela naquele momento.
- Bom, o Thiago veio com uma conversa estranha para cima de mim hoje, minha mãe está grávida e para finalizar... O John Winchester se mudou para a cidade! – Despejei as palavras para ela e depois de um minuto de choque ela recuperou a consciência.
- Para tudo, seu pai se mudou para cá? – Ela disse meio nerd por causa do bombardeio que joguei nela.
- aham – Confirmei.
- E você vai ter um irmão? – Ela queria ligar os fatos.
- Isso mesmo – eu disse e ela arregalou os olhos.
- Sua mãe engravidou do seu pai? – Quando ela perguntou isso eu não consegui segurar o riso. Ri tanto que chorei e minha barriga começou a doer.
- Não... Nã... Minha... Minha mãe está... Está grávida... Do... Do Mar... Do Marcelo – eu tentei explicar mas não consegui porque estava rindo muito.
- Qual é a graça? – Ela perguntou começando a ficar irritada.
- A sua cara – eu disse normalmente por já ter parado de rir. – Foi tão engraçada.
Depois que disse isso o riso quis voltar, mas eu segurei.
- Ah fala sério – ela disse cruzando os braços. – Mas vamos começar pelo que eu já estou familiarizada, sobre o Thiago.
Meu coração acelerou, que droga, porque sempre que ia falar dele meu coração fica nesse estado?
- Eu esquecei meu casaco hoje na sala, daí quando fui buscar acho que o Thiago me viu entrar na escola de novo sozinha, quando eu estava saindo da sala ele me parou, perguntando coisas do tipo, se eu gostava dele, mas não só como amigo, se ele tinha chance comigo... – Eu disse fazendo uma cara confusa e Maira parecia analisar a situação.
- E o que você falou? – Ela perguntou depois de um breve silêncio.
- Eu não disse nada, não consegui responder, queria dizer que não, mas me pareceu errado... – Eu disse atropelando as palavras porque nem eu as entendia.
Maira arregalou os olhos.
- E aí? O que ele achou do seu silêncio?
- Como eu não o respondi, ele refez a pergunta... Perguntou que se o Dougie não tivesse aparecido ele tinha chance comigo – eu disse tensa só de pensar em nunca ter conhecido o Dougie.
- E você...? – Ela me encorajou a contar.
- Ah eu disse que sim, que eu sempre tive uma queda por ele até o Dougie aparecer – eu disse e o queixo dela caiu.
- Não acredito que você teve coragem de dizer isso – ela falou com uma cara de quem estava gostando da minha confusão.
- Ele me pressionou – eu disse corando. – E era verdade.
- E aí, o que ele falou? Que gostou do que ouviu? – Ela perguntou radiante, será que ela tinha esquecido do Dougie?
- Que já tinha ouvido o que queria, daí ele me deu um selinho e saiu – quando falei do selinho ela ficou de queixo caído de novo.
- Selinho? – Ela iria dar um infarto.
- É, ele foi tão rápido que nem tive tempo de recuar... – Disse com vergonha.
- Minha nossa Suh, e se ele estiver gostando de você – aquilo é o que minha consciência me dizia desde que ele saiu daquela sala, mas que eu me recusava a aceitar, não podia ser, justo agora que o Dougie apareceu.
- Se isso for verdade azar o dele, eu gosto do Dougie – disse firme.
- É, azar o dele! – Ela concordou comigo orgulhosa nem sei por quê. – E agora me conta sobre o seu pai, sobre o Thiago a gente fala mais depois...
- Bom, eu quase voei no pescoço dele quando vi ele sentado lá na cozinha... – eu disse sentindo remorso[?] – Xinguei Deus e o mundo... Ele disse que eu iria morar com ele contra minha vontade, eu dizia que não. Mas eu me estressei tanto com ele quando culpou minha mãe por eu não gostar dele que eu mandei ele embora de casa aos berros porque eu precisava falar umas coisas pendentes com minha mãe, daí eu descobri que ela estava grávida e também descobri que tudo que eu sempre pensei de John... Não passou de um engano...
- Oh God, Suh, isso é... Tão… Complicado… - Ela disse depois de um tempo pensando. Eu não ia falar mais nada até ela absorver tudo, ela é minha amiga desde que me entendo por gente e ela sabe o que eu sofri, acho que até mais que eu mesma, acho que por isso tenho vontade de falar tudo para ela primeiro.
Ela continuou pensando por cerca de uns cinco minutos e eu esperei pacientemente já que tinha desabafado tudo mesmo.
- Você vai morar com ele? Você aceitou a gravidez da sua mãe? Ela vai casar com o Marcelo? Você vai aceitar isso? – Maira jogou a enxurrada de perguntas e eu comecei a rir da cara dela, depois respirei fundo para parar de rir.
- Vou responder uma pergunta por vez tá! – eu disse com um tom de humor na voz ainda. – Aceitei a gravidez da minha mãe sim já que eu não posso fazer nada, fora que eu sempre quis um irmãozinho caçula...
- Que bom – ela disse sorrindo meigamente.
- Ela falou que vai se casar com o Marcelo – fiz uma cara de que tinha chupado limão ao dizer isso – infelizmente...
- Ai que raiva, eu não gosto dele Suh... A Tia Cintia anda tão distante desde que começou a namorá-lo – ela disse com pesar na voz.
- Imagina como eu me sinto então... – eu disse triste.
- E você não me respondeu se vai morar com o John – ela me cobrou uma resposta.
- Depois que descobri que o John realmente me ama como filha, e que voltou para a cidade, eu resolvi fazer um teste, vou morar com minha mãe e o Marcelo, se não der certo eu me mudo para a casa do meu pai – Maira arregalou os olhos e eu também ao perceber o que eu acabara de dizer.
- Você falou pai? – Ela estava em choque.
- É, acho que disse – eu respondi, mas parecia que eu estava em Marte.
- Ain que bonitinho Suh... – Ela disse me dando uma braço de lado que me deixou sem ar e eu comecei a rir.
- Se você contar para alguém isso você morre – fingi ameaçá-la com o dedo na cara dela.
- Tudo bem, bico calado! – Ela disse apertando os lábios com os dedos, indicador e polegar e eu caí na risada.
Enquanto eu ria ela fixou os olhos em um ponto fixo atrás de mim, eu até fiquei com medo de olhar só pela expressão dela.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Capítulo 24

- Mãe porque ele veio? – Perguntei depois  que minha mãe já estava mais calma por causa da água que eu tinha pegado para ela.
- Eu insisti para que ele só aparecesse aqui depois que eu falasse com você, mas o John é teimoso – explicou minha mãe com uma boa introdução sobre o assunto mas que não ajudou em nada.
- Falar o que? – Perguntei sem ter entendido o que ela quisdizer.
- Ontem, depois que você se trancou no seu quarto, seu pai...
- Meu Pai uma ova, é John! – A interrompi, ela respirou fundo e bufou.
Tudo bem, o John – ela enfatizou o nome dele – apareceu aqui de supetão, ele queria falar com você, mas do jeito que você estava alterada eu falei que você estava dormindo.
- Fez bem, eu não teria dormido a noite por causa de tanto desgosto! – Eu disse dando um risinho irônico.
- Para de ser idiota Susan, querendo ou não ele é seu pai! – Ela falou num tom de voz duro para mim essa ultima frase, mas não mudou meu modo de pensar.
- E aí, você não me falou o que ele queria falar comigo – lembrei de voltarmos as assunto antes que esquecêssemos sobre o que falávamos.
- Tudo bem, vou te contar desde o início, mas já aviso que a história é longa! – Eu apenas continuei a olhando e não falei nada esperando ela prosseguir.
- Quando me separei do seu pai, ele ficou muito revoltado e foi morar em outra cidade – eu a olhava incrédula – isso eu nunca te contei não é?
- COMO VOCÊ ESCONDE ISSO DE MIM MÃE? – Eu gritei me levantando – PORQUE NUNCA FALOU QUE O JOHN FOI EMBORA POR SUA CAUSA?
- Porque nunca achei necessário – ela disse num tom de obviedade e meu sangue ferveu.
- E VOCÊ ME DEIXOU ESSE TEMPO TODO ACHANDO QUE EU FUI A CAUSA DA SEPARAÇÃO DE VOCÊS E QUE ELE NUNCA VEIO ME VER PORQUE ELE TINHA RAIVA DE MIM E SÓ TENTAVA SE APROXIMAR D MIM PRA PODER DEIXAR A MERDA DO DINHEIRO DELE PARA AQUELES URUBÚS QUE O CERCA? – Falei tudo que eu sentia todo esse tempo, mas que nunca tinha falado para ninguém e uma expressão de choque tomou conta do rosto de minha mãe.
- Nunca soube que... Você achava... Isso e que é... Por isso que você odeia... Odeia tanto assim o... O John... – ela disse com uma voz baixa e esganiçada.
Fiquei em silencio, não sabia o que falar.
- Acho que nós devíamos ter conversado mais sobre seu pai – ela chegou a conclusão depois de alguns minutos caladas.
- Acho que deveríamos ter contado uma para a outra, o que sentíamos em relação a John, isso sim! – eu a corrigi.
- É, tem razão! – Ela disse abaixando os olhos que estavam olhando suas mãos brincando em cima da mesa para o chão.
Depois do que ela me disse me deu um aperto no peito, saber que eu sempre recusei a aproximação de John achando que ele foi embora por minha causa. Sempre que ele tentava se aproximar de mim eu dava um jeito de fugir.
- Tem mais... – Minha mãe interrompeu meus pensamentos.
- Mais? – Perguntei com medo do mais dela.
- Aham, sabe, depois que seu pai foi embora, ele voltou na cidade duas vezes para te ver mas nunca teve coragem de vir te ver, ele me ligava e eu insistia para ele vir, mas aí quando ele chegava no portão ia embora, e com isso ele resolveu não voltar mais.
- Você nunca me falou isso... – Eu disse triste mais para mim do que para ela.
- Por isso eu sempre quis que você aceitasse tudo que ele te mandava, mas você nunca aceitava... – Ela disse e eu vi que ela tinha razão. – Ele tinha medo de aparecer e você fazer o que fez hoje.
- Mas quando eu era menor eu ainda não cultivava esse ódio todo que eu... Sentia... – eu não consegui dizer sinto, agora vendo por esse lado.
- Ele anda gostava de mim quando você era menor e não vinha para cá por que ele não queria me ver... – Ela disse com uma voz triste.
- Mas sinto que isso não é tudo que você quer me falar mãe – eu disse, sabia, estava sentido que ela estava lutando pra me falar algo, mas estava com medo.
- O que eu tenho pra te falar é algo que eu não esperava, mas mesmo assim é uma benção... Porém sei que você vai ficar uma fera comigo... – Minha mãe estava com o semblante preocupado.
- Estou com medo – eu disse indo para a geladeira pegar uma água pra mim agora.
Ficou um silêncio incomodo de novo no cômodo.
- Eu estou grávida! – minha mãe disse interrompendo o silencio de supetão de novo e a jarra de água que eu segurava caiu no chão junto com o copo que estava na outra mão.
Não consegui falar nada, estava em choque, como assim minha mãe grávida de novo? Ela tinha 32 anos!
Eu estava parada no meio da cozinha de boca aberta.
- Olha filha, foi por isso que seu pai veio... – Minha cara de espanto se tornou de dúvida com as palavras dela – Ele ligou para mim para saber sobre você e eu tive que falar para ele, mas eu não sabia que ele viria para cá... – Ela disse e eu fui me sentar porque minhas pernas estavam tremendo e eu poderia cair ali a qualquer momento.
Eu ainda estava muda, sentada olhando os olhos da minha mãe sentada na minha frente, mas ela estava meio embaçada porque meus olhos já estavam marejando
- E ontem, quando você chegou, eu estava te esperando para dar a noticia, Marcelo quis estar aqui mesmo você nunca tendo aceitado ele direito, mas acabamos dormindo, aí você chegou e fez o escambal aqui dentro de casa e sumiu lá para dentro.
Senti uma pontada no peito quando eu lembrei da noite anterior.
- Mãe... – Foi a única coisa que consegui falar, parecia que tinha um nó na minha garganta que me empediu de falar.
Queria dizer que eu estava feliz por ela estar grávida, sempre quis ter um irmão, mas que não aceitaria morar com o Marcelo, não gostava dele, nunca gostei e nunca vou gostar, mas isso era algo inevitável...
- Suh, eu acho que sei o que você está pensando... – Ela disse receosa.
- E você vai se casar com o... – Eu não consegui falar mais, porque as lágrimas que estavam se formando em meus olhos desabaram.
Mesmo eu não terminando a frase minha mãe soube o que eu ia perguntar e acenou que sim com a cabeça e veio até mim e eu comecei a chorar no seu ombro.
Não, ela não podia casar com o Marcelo, eu não ia aceitar ter que dividir ela com ele, não ELE. Eu não sabia porque chorava, talvez chorava de choque, talvez de medo do desconhecido, ou pelo fato de John ter aparecido assim de repente, ou tudo junto.

- Meus... Meus parabéns mãe – eu disse dando o melhor sorriso que pude depois de alguns minutos chorando no ombro dela enquanto ela me confortava com palavras sobre o nosso futuro.
- Pelo quê? – Ela me perguntou confusa.
- Pelo meu irmãozinho – Eu disse a palavra agora rindo da cara dela.
Nunca entendi essa minha bipolaridade, eu já estava rindo?
- Sabe mãe, não entendo como você me agüenta – Eu disse e ela deu uma risada alta que me contagiou.
- Acho que porque sou sua mãe – ela disse passando o dedo indicador dela no meu nariz me fazendo eu me sentir uma criança de dois anos.
- E porque você me ama – eu disse fingindo egocentrismo e ela riu.
- É, e porque eu te amo também!
Ficamos rindo por algum tempo e fazendo planos para o meu futuro irmão ou irmã até o assunto acabar, o silêncio pairou pelo ar por algum tempo, comigo sempre acaba o assunto e surgem esses silêncios insuportáveis. Sempre!
- Impressionante! – Minha mãe falou do nada e eu pulei na cadeira de susto.
- O que é impressionante? – Questionei confusa.
-Você! – Eu arregalei os olhos, espantada.
- Eu? O que tem eu? – Minha cabeça fez um nó.
- É impressionante como num minuto você está chorando, no outro já está fazendo piadas – ela disse refletindo.
- Eu gosto disso – disse dando de ombros.
- Essa é uma das características que eu mais admiro em você, sabe, você supera as coisas tão rápido, as vezes gostaria de ser assim – ela me disse se levantando.
- Achei que havia herdado isso de alguém – disse levantando uma sobrancelha, jurava que isso era de família.
- E herdou. – olhei confusa para ela - Do John – ela olhou bem na minha cara para ver a minha reação ao dizer o nome John e sua expressão foi surpresa ao ver que nada havia mudado nas minhas feições.
Acho que depois de descobrir que ele nunca me abandonou meu coração amoleceu, assim, de repente.
- Tem uma coisa que eu não falei também – eu olhei depressa para minha mãe quando ela disse isso.
- Ai santo Cristo, o que mais falta para ser revelado? – Perguntei com o coração a mil dentro do meu peito.
- Olha, eu lembra que quando o John estava aqui e você me perguntou se eu queria que você fosse morar com ele e eu disse que não? – Eu relembrei o que tinha falado a menos de duas horas atrás e me pareceu que fazia meses.
- Lembro sim – disse confusa.
- Então, eu não quero mesmo que você vá, mas eu fiquei com medo da sua reação e querer ir morar em outra cidade, a cidade do teu pai quando soubesse que eu estou grávida e que vou me casar com o Marcelo, então eu também falei isso para o John – analisando aquela situação agora, lúcida, eu percebi que estava entre a cruz e a espada, ou eu morava com minha mãe casada com um idiota, ou eu morava com um homem que eu nem conhecia direito e que antes eu odiava...
- Você me colocou em fogo cruzado sem eu ao menos saber – disse com uma pontada no peito.
- Não foi porque eu quis Suh, e não foi eu quem pedi para o John voltar, eu apenas desabafei com ele...
- Tudo bem, eu entendo – eu disse sinceramente.
- Jura que está tudo bem e que você não está mais zangada? – Ela disse abrindo um sorriso.
- Juro! – disse fazendo um X com e beijando-os. – E quer saber de mais uma coisa, depois do que você me falou, toda a raiva que eu sentia do John... Sumiu – disse a ultima palavra como se fosse algo incrível, e era mesmo!
- Que bom filha, você não sabe como é bom saber que você agora vai começar a aceitar o John na sua vida.. – O olhar dela ficou um pouco triste.
- O que foi? – Perguntei preocupada, vai que ela estivesse passando mal.
- Em pensar que a culpada por você tê-lo excluído da sua vida foi eu... Eu me sinto tão mal por isso – eu olhei para ela com um olhar de repreensão.
- Não diga isso, foi apenas um mal entendido dona Cintia, agora se anima que depois do que eu descobri quero que essa tarde seja animada e que recompense os chororôs de agora – eu disse fazendo cócegas nela que começou a rir, parei de fazer cócegas nela e me dirigi para a dispensa. – Vamos começar comendo brigadeiro – falei pegando uma lata de leite condensado.
- Está parecendo que você é a mãe aqui e eu sou a adolescente – minha mãe disse e nós rimos juntas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Capítulo 23

Depois de um dia de aula, quando todos nós saíamos da escola, percebi que tinha deixado meu casaco dentro da sala de aula e teria que voltar para pegá-la, bufei e revirei os olhos de raiva.
- Gente, vou ter que voltar, esqueci minha blusa de frio na sala – Anunciei e Lara que ia voltar comigo revirou os olhos.
- Ah não Suh, onde você estava com a cabeça? To com pressa pra... – Ela arregalou os olhos, parecia que tinha falado algo que não podia.
- Pra? – Eu perguntei incentivando que ela continuasse mesmo assim.
- Deixa para lá, só não vou poder te esperar hoje – Ela falou e fez cara de que sentia muito.
- Tudo bem – Eu disse, Priscilla e Maira já tinham ido embora, só Dougie conversava com Harry um pouco mais a nossa frente e os outros nem tinha visto para onde foram.
- Tchau Suh, manda um beijo pra tia Cintia – ela disse e eu senti uma pontada no peito porque eu lembrei da minha discussão com minha mãe.
- Tchau, pode deixar que eu mando o beijo – respondi dando um abraço nela.
Pensei em ir falar com o Dougie, mas ia ser bem rápido, ainda estávamos perto da sala, quando eles viram que Lara e eu paramos eles pararam também. Me virei e fui rápido, quase correndo pelo caminha que eu tinha acabado de percorrer só que para o sentido contrário até entrar na sala, peguei o casaco e me dirigi para a porta, quando ia estava prestes a passar um ser tampa minha passagem, respirei fundo ao ver quem era.
- Thiago – dei um sorriso sem graça, aqueles que só sai por educação.
- Oi – Ele deu um sorriso luminoso, dá um desconte, eu posso gostar do Dougie, mas não sou cega também e eu não posso negar que Thiago é bonito e meu coração dispara quando ele chega perto - Tem me ignorado tanto esses dias.
Fiquei tensa quando ele falou isso para mim porque ele deu um passo na minha direção, o olhar dele estava estranho, estava me dando medo, eu dei alguns passos para trás quando ele deu outro passo, eu não conseguia pensar em nada para falar e respondê-lo.
- Ando ocupada... Muitas coisas acontecendo esses dias – respondi hesitante, minha voz tremia, eu tremia, minhas pernas estavam bambas “que porra ta acontecendo comigo?”, o sorriso dele desapareceu.
- Com aquele bando de ingleses idiotas né? – Ele me perguntou com certa raiva na voz.
- Não, e não é da sua conta – eu disse agora tomando coragem e tentando passar por ele, mas quando fui passar pela porta ele me parou me puxando pela cintura e segurou meu braço fortemente bem próxima a ele, tão perto que eu sentia sua respiração bater no meu rosto.
- Aonde você pensa que vai? Estamos conversando! – Ele disse e eu tentando manter a calma respirei fundo.
- Me solta, por favor? – Pedi educadamente.
- Só me responde, uma coisa, aí eu deixo você ir – Ele falou ainda me segurando.
- Fala – respondi secamente, queria ir embora logo.
- Você gosta de mim? – Ele perguntou e eu franzi o cenho.
- Que pergunta...Claro que eu gosto – disse rindo.
- Mas eu falo, GOSTAR mesmo, não só como amigo – eu parei de rir, não esperava por aquela pergunta. Fiquei calada, aquela pergunta para mim deveria ser bem fácil de responder, eu estava apaixonada por Dougie não? Mas eu não conseguia falar nada.
- Ta bom, então faço outra pergunta – ele disse, seus olhos brilharam, acho que o meu silencio significou algo para ele, mas nem eu sei o que eu sentia, agora que olhava para ele assim tão de perto. – Se o Dougie não tivesse aparecido na sua vida, qual ia ser a resposta?
Mesmo sendo algo que eu não consigo imaginar mais como seria minha vida sem o Dougie, mas eu sei como era então tinha uma base.
- Bom... – comecei a responder – Desde que você chegou na escola eu tinha uma queda por você, então... – respirei fundo de novo, eu não estava gostando daquela conversa – Sim, até o fim das férias eu poderia falar isso! – Respondi e ele abriu um sorriso.
Ele me soltou o braço, finalmente, aquilo estava me incomodando.
- Já tenho minha resposta – Thiago me deu um selinho rápido que eu nem tive tempo de recuar a cabeça e saiu para fora da escola, eu fiquei parada ali alguns segundos pensando no que é que tinha acontecido, porque Thiago queria saber aquilo, eu definitivamente não sairia pelo portão grande, fui para o outro portão e fui por outro caminho tentando não pensar mais no que eu estava sentindo, eu gosto do Dougie, porque eu não falei pro Thiago que não gosto dele?  E eu precisava ficar sozinha, sempre que algo acontece eu preciso ficar sozinha, não sei porque isso.
Cheguei em casa e minha mãe me esperava.
“Vai ser um dia difícil hein” pensei comigo mesma, minha mãe nunca está em casa na hora do almoço, não na sala.
- Ainda bem que você chegou Susan, preciso falar com você! – Ela disse se levantando e indo para a cozinha e fez sinal para que eu a seguisse. Joguei minha mochila e o casaco que levava na mão em cima do sofá.
Quando eu entrei na cozinha uma nuvem preta pareceu entrar junto, o clima pesou muito e ar pareceu ser algo rarefeito.
- O que ele faz aqui? POR QUE ELE ESTÁ AQUI? – Perguntei quase chorando já.
- Calma Suh, eu...
- NÃO ME CHAMA SE SUH, MEU NOME PARA VOCÊ É SUSAN! – Eu gritei e ele arregalou os olhos, minha mãe fechou a cara para mim.
- NÃO FALE ASSIM COM ELE, ELE É O SEU PAI! – Minha mãe gritou comigo, pouco me importei com o tom dela.
- EU FALO COM ELE DO JEITO QUE EU QUISER, ELE NUNCA SE IMPORTOU COMIGO! – Eu gritei pra minha mãe a mais pura verdade, desde que meus pais se separaram e meu pai mudou de cidade a única coisa que fazia com que eu soubesse que ele ainda existia era a pensão que ele mandava para mim, mas que eu sempre pegava e mandava de volta, e nós não precisávamos dessa esmola, minha mãe tinha um emprego excelente que nos deixava em muito boa condição de vida, e eu só conhecia seu rosto por causa das fotos que minha mãe me mostrava vez ou outra de quando eles eram casados.
- PARA DE GRITAR ENTÃO OU VOCÊ VAI FICAR DE CASTIGO, TEMOS QUE FALAR COM VOCÊ! – Ela disse e eu cruzei o braços em sinal de revolta.
- Tudo bem, falem! – Falei ainda irritada me sentando num dos bancos do balcão da cozinha, o mais distante possível do John.
- Suh... – Ela hesitou depois de falar meu nome – Seu pai... Ele vai...
Ela parou de falar, vi que seus olhos começavam ficar úmidos.
- Ele vai o quê? – Eu perguntei ignorando a presença dele ali na cozinha.
- Eu vou voltar para a cidade e quero que você vá morar comigo! – Vi que minha mãe tentava segurar o choro e eu já tinha minha opinião, não mudaria por nada, nunca moraria no mesmo lugar que ele, mas não mesmo!
- Mas nunca! – Eu disse dando uma risada alta e sarcástica.
- Não estou pedindo! – Ele disse e eu o encarei, séria.
- Você está falando que vai me obrigar a morar com você? – Eu disse agora fazendo uma cara de deboche e dando uma risada sem vontade no fim da frase. Olhei pra minha mãe, ela estava tentando ainda segurar o choro, mas seus olhos já estavam vermelhos.
- Sim, você vai morar comigo querendo ou não – Quando John disse isso eu levantei da cadeira e fui andando na direção dele bem devagar e o olhando firmemente para com os olhos serrados e o dedo apontado.
- Escuta aqui... Se um dia eu tiver alguma consideração por você... Pode me internar que eu não estarei no meu estado normal – eu disse a ultima frase quase encostando no rosto dele de tão perto que eu tinha chegado.
- Você ficava me envenenando contra ela não é Cintia? – Ele se levantou acusando minha mãe, meu sangue ferveu.
- Não se atreva a falar com ela assim! – Explodi – Minha mãe vivia insistindo para que eu o procurasse e que tivesse uma boa relação com você seu idiota, mas eu não tinha o dever de fazer isso, não fui eu quem foi embora! – Eu disse o olhando de cima abaixo e ele se sentou.
- Eu falei John, ela está numa faze difícil - minha mãe disse agora chorando, ela não agüentou a pressão e acho que o fato de eu ser levada embora, algo que eu nunca iria permitir.
- MÃE! Você quer que eu vá? – Perguntei agora com meus olhos começando a se encherem de água só com aquela suposição.
- Não, de jeito nenhum Suh, não agüentaria – ela disse e eu me contive para não chorar ao vê-la naquele estado, mas quando olhei para o meu pai a raiva voltou com força, ele era o culpado por aquilo, era a primeira vez que eu via minha mãe daquele jeito.
- VAI EMBORA AGORA! – Eu gritei apontando pra porta.
- Não sem antes terminarmos de conversar – ele disse irredutível.
Eu respirei fundo para poder não começar a gritar de novo, resolvi conversar como gente normal.
- Olha, deixa nós duas conversarmos porque ontem foi um dia tenso para nós duas, aí mais tarde ou amanhã minha mãe te liga e aí nós conversamos – eu disse o mais calma que pude –, pode ser?
John refletiu um pouco.
- tudo bem... – Ele disse e eu respirei fundo, ele se levantou e ficou parado me olhando.
- Você deve saber onde é a saída, é o mesmo lugar que entrou só que ao contrário... – Disse o mais mau educadamente possível.
- Você tem o meu gênio! – Ele disse rindo e eu tive vontade de gritar com ele de novo, respirei fundo e me contive, me virei para a geladeira para pegar água para minha mãe enquanto ele saía.