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domingo, 30 de outubro de 2011

Capítulo 40

Eu cheguei em casa e fui direto para meu quarto, já havia parado de chorar, mas ainda estava com muita raiva.
- Arg, idiota, prefere acreditar naquela doida a acreditar em mim, então que fique com ela seu desgraçado! – Grunhi com raiva pegando meu caderno para escrever algo, precisava extravasar e o melhor jeito era assim.
Escrevi até a mão doer e resolvi sair para respirar ar puro, não queria dormir. Eu pensei em meu pai, mas a essa altura ele deveria estar muito longe. Peguei meu MP4 e fui andando até uma praça aonde ninguém nunca vai, assim era mais difícil de achar algum conhecido.
Chegando lá tinham várias mães com seus filhos no parquinho, algumas pessoas caminhando e uma quadra de tênis aonde haviam vários adolescentes, da minha idade, jogando. Me aproximei da quadra e encostei na barra de ferro horizontal e apoiei o queixo nas minhas mãos vendo o jogo de dois garotos, realmente bons no que faziam, jogar a bola verde de um lado ao outro, ouvindo uma música qualquer do Kansas.
Senti alguém parar do meu lado, dei uma olhadela e voltei minha atenção novamente ao jogo. Eu não sabia as regras, mas ver eles jogar estava legal.
Senti a pessoa ao meu lado me cutucar, uma garota do meu tamanho mais ou menos e com um cabelo todo colorido e bem vestida até, fez um gesto para que eu tirasse os fones de ouvido e eu o fiz.
- Olá, sou a Jessica – ela disse sorrindo.
- Susan – respondi educada e sorrindo também.
- Nova no pedaço? – Perguntou olhando para a quadra, assim como eu fiz também.
- Não, apenas passeando – falei banalmente vendo o carinha da direita marcar um ponto e logo depois piscar para a Jessica, depois ele saiu da quadra e parei de prestar atenção na quadra.
- Ele é meu irmão – ela disse sorrindo ao ver a cara que eu deveria estar.
- Ah – foi a única coisa que consegui falar, sem graça ainda por cima.
- É da onde? – Voltou a perguntar a estranha curiosa.
- Centro, você é daqui? – Eu cansei de responder as perguntas dela.
- Sim, aqui é bom de morar – ela pareceu mesmo orgulhosa do seu bairro.
- Parece ser bom mesmo – incentivei-a. Mas era realmente lindo o bairro, era calmo, organizado e via-se várias pessoas sorrindo sentadas na porta de casa. Se eu fizesse isso em um dia de semana era capaz de ser atropelada por pessoas apressadas que vão pagar suas contas nos bancos perto da minha casa. Morar no centro te deixa presa dentro de casa sabia?
- Mas o que te trouxe aqui? Conhece alguém que mora por aqui? – Cara, ela queria saber demais já!
- Não – me limitei a isso.
- Eu sei, eu pergunto demais, mas é que você parece legal – ela falou ficando vermelha e eu ri internamente. A menina sabe que está incomodando, mas ainda assim está aqui perguntando porque me achou legal.
- Tudo bem, você parece ser legal também – coé, eu não podia ser mal educada e falar “As aparências enganam, honey!“.
Depois disso ela ficou quieta, graças ao Senhor e eu pude ouvir minha música, com um fone só, iria ser mau educada se colocasse os dois, e ver um jogo amador, perto do que estava acontecendo quando cheguei.
Alguns minutos depois o pessoal começou a sair da quadra e Jessica começou a sorrir.
- Vem, quero te apresentar para eles... – ela me puxou pelo braço e veio na minha cabeça a imagem daquelas de desenhos que a pessoa puxa a outra e aí fica a cabeça pra trás e depois vai pra frente com tudo. Comecei a rir daquilo que pensei. – Gente, olha, amiga nova, Susan! – Ela me apresentou.
- Olá – um garoto, dos amadores, o que ganhou, e que estava do lado esquerdo falou sorridente. – Meu nome é Pedro.
- Sou o Charlie – respondeu o irmão dela. Os outros dois garotos, os que perderam tinha ido embora já.
- Vocês são jogadores profissionais? – Perguntei apontando para as raquetes.
- O que? – Perguntou Pedro risonho. – Nãaao, é só por hobbie mesmo... – Deu de ombros e eu fiquei abismada.
- Nossa, vocês jogam tão bem – deveria ter feito uma cara muito estranha, eles riram de novo.
- Obrigada – falou Charlie. – Você sabe jogar?
- Eu não, nunca ninguém me ensinou... – na verdade eu nunca procurei tentar aprender, mas deixa em off.
- Quer aprender? – Perguntou Jessica saltitante.
- Acho melhor não... – ri sem graça.
- Ah, qual é,vamos lá, não é tão difícil! – Pedro insistiu me empurrando de leve com um soquinho.
- Quem sabe um outro dia? – Tentei sair da situação, eu não queria aprender nada.
- Então vamos nos ver mais? – Perguntou Pedro e eu sorri amarelo. O que eu falaria?
- Ain, espero que seja verdade isso, estou completamente só, sem amigas... – Falou Jessica fazendo um drama forçado e todos riram. – Qual é? Minha amiga foi embora para a Grécia!
- Own tadinha dela... – Zuou Pedro e a garota lhe mostrou língua.
- Gente, maneira aí um pouco com o Love de vocês, a Susan vai se assustar e nunca mais volta – falou Charlie vindo até ao meu lado e me cutucando a costela com seu cotovelo. Eu fiz uma careta, doeu, mas acho que ninguém viu. Sorte.
- Estou acostumada, meus amigos são muito mais amorosos um com o outro – ri lembrando de Danny e Tom juntos.
Fiquei conversando com eles por horas, até que eu percebi que o sol estava quase se pondo e tive que ir embora para casa. Fiquei de ir na quadra no outro dia.
Chegando em casa eu fui para o computador, tirei o atraso, fofoquei no twitter, falei do Dougie, falei dos amigos que fiz, e sorte que nenhuma das minhas amigas estavam online para dar o ataque de ciúmes delas, depois disso desliguei e fui procurar algo para fazer, mas não conseguindo pensar em nada resolvi descer para ver o que os outros seres moradores dessa enorme casa estavam fazendo.
- Olá filha, faz tempo que não nos falamos direito não? – Perguntou minha mãe assim que me sentei ao seu lado no sofá, para ver televisão com ela e Marcelo.
- Pois é, com o problema com o Dougie isso ficou muito raro – dei um sorriso amarelo para ela ao lembrar de Dougie, fora que nem contei para ela sobre a briga que tivemos.
- E ele, como está? – Perguntou inocentemente.
- Bem, eu acho... – Realmente eu não sabia como ele estava, mas provavelmente feliz por se ver livre de mim.
- Como assim ‘acho’? – Perguntou minha mãe se posicionando melhor para visualizar minha expressão. – Você não estava com ele a tarde? – Eu neguei com a cabeça e ela franziu o cenho.
- Onde você passou a tarde? – Agora até o Marcelo começou a prestar atenção na conversa. Infeliz.
- Por aí mãe – eu disse e revirei os olhos. Mas nunca que eu ia falar para ela que eu fui do outro lado da cidade, fora que eu descobri que lá realmente não vai gente que eu conheço, e também tenho a certeza que se eu falar para ela isso não será mais possível. “Anonimato é o que há nesses dias”.
- Onde? – Perguntou autoritária, mas eu permaneci quieta e ela mudou de estratégia. – Porque não passou a tarde com o Dougie? Algum problema?
- Ah mãe, ele não confia em mim, pra quê vou ficar com um cara que prefere acreditar em uma menina doida do que na namorada dele? – Revirei os olhos.
- Ah vocês brigaram?! – Dona Cíntia fez uma cara de pena, até parecia que ela quem o namorava.
- É, brigamos e eu não quero mais ver ele na minha frente! – Falei brava.
- Nossa... – Marcelo se pronunciou pela primeira vez...
- É, nossa mesmo... – Dei de ombros. – Alguma novidade gente? – Mudei de assunto rápido.
- Descobrimos que terá uma irmãzinha – mamãe toda feliz me comunicou e eu sorri.
 - Que ótima notícia! – Falei empolgada. – Já sabem o nome?
- Quero Joanna – falou mamãe e Marcelo fez uma cara de “não posso fazer nada né?” e eu só ri disso, mas foi breve.
- Muito lindo esse nome, será que vai ter olho claro igual do Marcelo? – Eu amo olho azul e o do Marcelo era MUITO azul, era lindo. Por mais que eu não gostasse do dono do olho.
- Eu espero que tenha – sorriu minha mãe bobona.
- Estou com fome – falei passando a mão na barriga e minha mãe riu.
- Que me ajudar a fazer algo para comer? – Perguntou ela e eu fiz uma careta. Odeio cozinhar. Ela gargalhou. – Não precisa fazer nada, só companhia.
-Se é assim eu vou – ri e me levantei indo com ela para o outro cômodo.
Chegando lá eu me sentei na bancada e ela foi para os armário.
- Então, o que a donzela vai querer comer? – Perguntou mamãe virando para trás e me encarar.
- Quero... – Pensei no que eu queria. – Torradas!
- Torradas saindo em 10 minutos – ela brincou fazendo uma espécie de continência.
- Ai mãe, só a senhora mesmo para fazer isso – falei balançando a cabeça negativamente e rindo.
- Sim, mas agora quero saber mais sobre o que aconteceu com você – pronto! Estava demorando para ela perguntar do Dougie.
- Aquela Paola de novo... – fechei as mãos em punho em cima do balcão. – Vadia!
- Olha os modos! – Minha mãe ralhou comigo. – O que ela fez?
- Bom, vou resumir... – Anunciei. – Foi assim, aquele dia que eu saí com meu pai e você foi no hospital, o Thiago apareceu na sorveteria, daí papai teve que ir embora e eu ia com ele, mas aí o Thiago se ofereceu para me levar em casa porque eu ainda não havia acabado meu sorvete, aí eu fiquei sabe? Papai deixou, que raiva! – Explicava calmamente para ela, deu uma pausa e ela permaneceu calada, embora ela estivesse preparando as torradas ainda, mas de frente a mim, então ela poderia se expressar, mas como não fez eu continuei. – Aí o Thiago ficou falando do Dougie e tal, mas na hora da volta quando eu fui me despedir e dar um beijo na bochecha dele, ele virou o rosto e quase dei um selinho nele.
- Que horror! – Exclamou mamãe séria.
- Pois é, mas aí eu briguei com ele e ele prometeu que não iria contar nada pra ninguém e que não faria mais isso, só que quando eu ia para a escola irritada, hoje, ele me viu e ofereceu carona, eu não aceitei, daí ele começou a ficar falando de ontem e a va... a Paola se intrometeu e aí acabou que o Thiago deu com a língua nos dentes e a idiota pegou e contou para o Dougie.
- Mas você não tentou explicar para ele? – Mamãe perguntou preocupada.
- Eu IA contar para ele mãe, mas aí quando eu comecei a falar, ele começou a dar piti e falar que eu era uma mentirosa, que eu estava saindo com o Thiago, que a Paola falou para ele que nós ficávamos direto e quando eu disse que ela era uma doida varrida, ele me falou que ela poderia estar certa, afinal, ela é prima do menino e ele sabe que eu tinha uma queda pelo Thiago e que eu poderia estar aproveitando já que agora tenho a oportunidade – falei com a voz carregada de mágoa e ódio de todos.
- Ele não acreditou em você? Que absurdo, o que esse menino tem na cabeça? O cérebro dele foi afetado pela pancada por acaso? – Minha mãe ficou revoltada assim como eu, sorte que ela estava terminando minhas torradas.
- Não quero mais saber de gente que não acredita em mim, eu perdoei ele, que sofreu essa merda de acidente por causa daquela menina e ele ainda têm a cara de pau de falar que ela está certa, ele que vá pro quinto dos infernos e arrasta aquela bitch com ele – mamãe não sabia o que significa bitch.
- Estarei aqui para qualquer coisa ta? – Mamãe falou pondo sua mão sobre a minha, ainda fechada em punho sobre o balcão.
- Pode deixar que eu te procurarei – sorri sincera para ela e ela refletiu meu sorriso no rosto dela.
- Mas me conta, onde passou a tarde? – perguntou pegando o suco e colocando num copo, pondo as torradas e o mesmo em uma bandeja e indo para a sala. Eu fui atrás dela, o meu lanche ia ser vendo filme, oba!
- Eu fui em uma praça aí, conheci pessoas novas, que não sabem dos meus problemas, foi legal, espaireci um pouco – falei me sentando e pegando a bandeja para mim.
- Percebo, você nem quis me matar agora de tarde – nós rimos, ela se sentou ao lado de Marcelo.
- Nem sou tão mal assim! – Ri.
- Ah não, é muito mal – ela riu e desatamos a falar besteiras até a campainha tocar.
Próximo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Capítulo 39

Adentrei meu quarto revoltada com o mundo que estava conspirando contra mim nas ultimas horas.
“Primeiro eu quase tenho um ataque porque achei que minha mãe estava passando mal, depois meu pai aparece quando eu achei que ele estava longe, eu saio para tomar sorvete com ele e Thiago aparece, não bastando meu pai me deixa sozinha com ele que ficou falando do meu namorado, e aí tentou me agarrar. Poderia ter ficado na casa de Dougie.”  Reclamava mentalmente enquanto estava deitada olhando para o teto do quarto e acabei dormindo com raiva.

PEN PEN PEEEEEEEEEEEEN

Acordei com o despertador tocando. Quem havia colocado um despertador no meu quarto? Levantei e fui me arrumar para ir à escola.
- Bom dia filha – ouvi mamãe dizer quando passei pela porta da cozinha.
- Péssimo dia se for igual ontem – falei o mais desanimadamente possível, qualquer coisa que acontecesse nesse dia eu iria explodir.
- Nossa, o que houve? – Perguntou ela toda interessada.
- Nada – suspirei. – Vou para escola, tenha um bom dia mamãe, se cuida.
Dei-lhe um beijo na testa.
- Tenha um bom dia ao quadrado e se cuida você – ela disse sorrindo para mim.
- Obrigada – respondi e saí de casa.
Fui andando até a esquina quando ouço alguém buzinar para mim, ao me virar dei de cara com Thiago no carro preto dele, Paola estava ao lado dele.
- Carona? – Perguntou mostrando os dentes, eu não estava com humor para ele nesta manhã.
- Já vi que escovou seus dentes, pode parar de sorrir – Fui grossa e ele não tirou a porcaria do sorriso do tosto –, vou andando hoje.
- Qual é Suh, entra aí! – Insistiu.
- Já falei que não – eu respondi seca e saí andando, ele veio atrás de mim, me acompanhava com o carro no meu ritmo de caminhada.
- É por causa de ontem que você está assim? – Perguntou ele e eu revirei os olhos.
- O que vocês fizeram ontem? – Paola perguntou toda interessada e debochada. “Posso dar uma na cara dela?”.
- Paola, fica quieta que você só está no meu carro porque minha mãe me obrigou a te trazer – Thiago foi grosso com a prima e eu gostei, mas não demonstrei, claro!
- Vocês estão se encontrando escondidos, OH MEU DEUS! – Paola tirou uma conclusão errônea e eu quis voar no pescoço dela.
- Garota, não viaja – não me agüentei.
- Dougie precisa saber disso – ela disse toda maliciosa. Gelei na hora e precisava agir rápido, não fiz nada e acredito eu que Dougie não acreditaria nela, mas eu não ia deixar ela falar isso para ele, garota insuportável.
- Ele já sabe – menti.
- Então vocês fizeram algo – ela estava jogando verde, “idiota!”.
- PAOLA SUA IMBECÍL, CALAA BOCA! – Thiago explodiu. – Susan estava com o pai dela na sorveteria e eu os encontrei lá, daí o pai dela teve que ir embora e nós ficamos por lá, pois ela não havia terminado o sorvete, a levei para casa e foi só isso!
- Ah e ela ficaria brava com você só por isso? Algo você fez! – Paola é esperta, isso eu tenho que admitir.
- Olha, não fala como seu eu não estivesse aqui, se o Thiago tivesse acelerado esse carro e estivessem sozinhos até aceitaria, mas falar de mim comigo aqui é um abuso, podem me deixar em paz? – Eu estava irritada, era demais pedir para ficar sozinha?
- Vamos Thiago, ela está estressada – Paola debochou e eu apenas revirei os olhos.
- Tchau Suh – ouvi Thiago falar e depois o carro acelerar. Até respirei fundo.
Cheguei na escola e fui para a sala, de novo Dougie não iria pra escola e de novo eu ia ter que sentar sozinha. Quem diria, no começo do ano era o que eu mais queria, agora sentia um vazio.
- Suh, porque está aqui sozinha? Vem comigo para encontrar a galera que está lá fora nesse dia lindo que Deus nos proporcionou – entrou uma Lara toda sorridente na sala falando pelos cotovelos. Sei que é errado e horrível, mas a felicidade dela me deprimiu mais ainda.
- Não Lara, obrigada, pode ir lá se divertir... – Falei com a maior voz de morta, sem querer, mas foi.
- Nossa, o que houve menina? – Perguntou ela preocupada.
- Ah não quero falar disso – falei me virando e pegando meu caderno na mochila.
- Tudo bem então, quando quiser eu sou toda ouvidos – brincou ela se levantando, da cadeira que ela havia se instalado na minha frente, tentando me fazer sorrir, o que não adiantou, mas não posso negar que ela tentou.
- Ok, depois eu falo para vocês todas ta? – Respondi sem nem olhar para ela, que segundos depois estava na porta da sala.
Silêncio.
A aula para mim demorou anos para passar, mas eu preferia muito mais ficar lá dentro da sala do que sair para ter que me socializar nesse dia de treva, porém a professora queria fechar a sala e eu tive que sair.
-Olá Susan a desaparecida do dia! – Brincou Danny e eu já respirei fundo.
- Fica na sua Danny – falei tentando parecer calma.
- Nossa – ele fez cara de espanto e foi sentar do lado da Lara. Lembrei do que ele falou ontem e quase ri da cara que a Lar fez ao vê-lo sentado ao seu lado.
- Gente, não me leva a mal, é que ontem depois que saí da casa do Dougie meu dia azedou completamente e uma porção ficou para hoje – falei deitando a cabeça na mesa da cantina. Senti uma mão passando pelos meus cabelos e eu tinha quase certeza que era Harry.
- Quer contar para a gente? – Perguntou ele confirmando minhas suspeitas.
- Não, eu prefiro contar para o Dougie primeiro – respondi ainda com a cabeça abaixada.
- Tudo bem então, como quiser – senti que o ambiente não estava mais tão pesado assim e eles evitaram de falar comigo até o fim do dia escolar.
Quando bateu o sinal indicando que acabou a ultima aula eu fui para o portão esperar os garotos, eu iria com eles já que eu ia ver Dougie. Enquanto eu estava parada Paola passou e fez umas gracinhas que eu ignorei, minutos depois passou Thiago e depois chegou a turma barulhenta.  As garotas iriam conosco porque estavam querendo ver Dougie também, então depois de sair do ambiente escolar eu melhorei um pouco, mas eu acho mais que era porque eu iria ver Dougie, mas não quero pensar nisso. Chegamos na casa de Dougie e eu já sorria.
- Susan meu amooor – ele veio correndo para me abraçar e eu ri dele, mas o abracei também enquanto o resto da turma ficava resmungando algo como “que coisa melosa” ou as meninas algo como “porque eu fui vir?”. Eu ri e dei um selinho em Dougie, o abraçando de lado em seguida para ficarmos de frente para as outras pessoas da sala.
- Qual é gente, eu estava com saudades – falei rindo enquanto eles nos encaravam com aquelas caras de quem comeu merda.
- Sabemos muito bem de como você sentiu falta, só faltou comer o fígado do pobre do Danny hoje – Tom brincou e todos riram.
- Não foi bem isso, eu só não estava de bom humor – me defendi.
- Aham, sei – falou Maira e riram todos, menos eu que corei.
- Não fiquem culpando-a por sentir falta minha, sei que sou demais – Dougie me apertou no abraço de lado ao falar isso e eu olhei para ele de olho semicerrado e ficamos nos olhando até cair na risada.
Ficamos conversando um tempão até as meninas falarem que tinham que ir embora. Tom se ofereceu para acompanhá-las, mas eu acho que ele só queria era andar mais um pouco com Maira, Danny e Harry foram de enxeridos que são, mas eu vi que ia ser engraçado todos os seis juntos, já que antes de chegar no portão Danny já estava irritando Lara que começou a correr atrás dele fazendo juras de morte enquanto Harry e Priscilla riam que estavam vermelhos. Tom e Maira estavam apenas olhando de mãos dadas a cena e rindo, mas logo eles sumiram e eu fiquei nervosa, eu iria contar para Dougie sobre o que eu fiz ontem depois de ter ido embora antes que alguém, vulgo Paola, resolva se meter na história. “Oh Deus, o que eu fiz para merecer um encosto desse?”
- Dougie... – Chamei ele com a voz tensa e tenho certeza que ele percebeu, só pelo jeito preocupado que ele me olhou.
- Sim? – Perguntou esperando eu falar.
- Tenho uma coisa para te falar – mordi o lábio inferior, ele não falou nada, ficou me olhando só, como se pedisse para que eu continuasse. – Ontem, depois que saí daqui, eu fui para casa...
Dei uma pausa.
- Sim, você não quis ficar – complementou ele fazendo bico.
- Não é assim, eu queria ficar, mas não podia, mas então... Eu cheguei em casa e meu pai chegou em seguida e me chamou para ir tomar sorvete com ele – falei a parte mais fácil da história com o coração na mão, imagina na parte tensa.
- Mas ele não tinha ido viajar? – Perguntou ele confuso enquanto sentávamos no sofá.
- Ele adiou para poder falar tchau para mim – sorri ao pensar nisso.
- Ah sim, mas e daí? – Ele estava curioso. Mas quem não estaria?
-Então... Quando estávamos lá na sorveteria de boa, o Thiago apareceu e...
- Ah então era verdade o que a Paola falou – Dougie levantou de repente, super nervoso.
- O que? Quem falou o que? – Perguntou levantando também.
- É, a Paola me ligou hoje antes de vocês chegarem sabe? Ela me disse que você está se encontrando com o Thiago escondida e fica inventado coisas para parecer casual – Dougie estava de um jeito que eu nunca tinha visto.
- Dougie, você não vai acreditar no que ela disse vai? – Perguntei com o coração começando a despedaçar.
- Não sei... – Ele tampou o rosto com as mãos.
- Dougie, você sabe que ela não gosta de nos ver juntos, sabe que ela quer acabar com nosso relacionamento – eu sentia as lágrimas começarem a se formar no meu rosto.
- Mas ela é prima dele e ela disse que ELE falou isso para ela, que vocês dois saem direto, que ontem até se beijaram – ele falou, já estava vermelho que nem um pimentão.
- Qual é Dougie, não amo ele, eu amo você, não há razão para desconfiar de mim – falei em minha defesa, magoada por ele desconfiar de mim, mas eu não choraria na frente dele.
- Será? Será Susan? Se eu não me engano você já teve uma queda por ele, agora que você tem a chance será que não está aproveitando? – Perguntou ele com a voz amarga.
- Eu não acredito que você está falando isso – eu disse deixando uma lágrima fujona cair do meu olho, mas limpei ela rapidamente e peguei minha bolsa em cima do sofá. – Se você não confia em mim porque estou aqui? Para ser humilhada pela desconfiança de alguém que prefere acreditar em uma louca ou em mim que estava aqui falando a verdade, por mais que arriscasse o namoro igual eu estava fazendo, duvido que alguém mais tenha coragem de contar o que eu iria te contar, mas acho que não é mais necessário, Thiago deve ter falado para Paola e ela deve ter te contado, já que ela é sua amiguinha do peito.
Outra lágrima escorreu em meus olhos, a limpei rápido de novo e saí porta afora deixando Dougie parado no meio da sala da casa dele.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Capítulo 38

Estava numa sorveteria com meu pai rindo com uma taça de sorvete de todos os tipos de chocolates existentes no local na minha frente.
- Nossa, achei que era o único que gostava só de sorvete de chocolate – John comentou rindo.
-Ah eu amo, não gosto – eu disse rindo.
- Percebe-se... – Ele disse e ficou calado, sua feição era pensativa e triste.
- O que foi? – Procurei não gostando de o ver naquele estado.
- Eu perdi tanto tempo, poderia ter passado muitas coisas ao seu lado... – Ele disse me olhando e rindo sem achar graça alguma. – Mas eu sou um burro e tinha medo de te ver.
- Que isso pai, não fala isso, esquece o passado, você não é burro – eu disse pegando na mão dele e acariciando.
- É o melhor que eu posso fazer – ele disse sorrindo de lado para mim.
- Sim, agora quero que você se anime de novo – eu disse sorrindo para ele e ele levou minha mão até seus lábios e beijou-a.
- Tudo bem, minha princesa – ele sorriu ao dizer isso e eu fiquei envergonhada. – Eu sempre quis dizer isso à você. Minha princesa!
Não sei o que aconteceu, eu só conseguia sorrir e repentinamente uma lagrima caiu de meus olhos.
- Você está chorando? – Perguntou ele limpando a lágrima fujona.
- Sim, mas é de felicidade, é tão bom estar aqui... Com você... Com meu pai – eu enfatizei a palavra pai.
- Seu pai? – Ouvi uma voz atrás de mim. – Mas você odeia seu pai... Não odeia?
Me virei lentamente para encarar a pessoa que estava atrás de mim e que meu pai encarava também.
- Não odeio mais – eu disse sorrindo para o meu pai. – Mas o que você faz aqui Thiago?
- Eu vim tomar sorvete e te vi aqui – ele deu de ombros. – Fiquei sabendo da Paola, ela está pirada...
- Pirada é pouco, tem que internar ela – eu disse dando de ombros.
- Não quer se sentar? – Perguntou meu pai a Thiago que sorriu e aceitou, sentando-se em seguida.
- Então, quem é teu amigo Susan? – Meu pai sorriu ao me perguntar.
- Ah é... – Eu ri envergonhada pela falta de educação de não apresentá-los. – Pai, esse é o Thiago, Thiago, esse é meu pai John Winchester.
- Prazer Thiago! – Meu pai estendeu a mão para ele que apertou respondendo um “O prazer é todo meu”.
“Merda, o que ele faz aqui? Cara, se alguém me vê nessa sorveteria e me dedar para o Dougie eu vou ter que me explicar muito”. Estava temerosa, eu iria apenas tomar um sorvete com meu pai e depois ir para casa, mas a com a chegada de Thiago isso iria complicar um pouco.
Ficamos alguns minutos conversando e o celular do meu pai apitou, era o alarme, era hora dele ir para o aeroporto.
- Susan, está na hora de ir, vamos? – Ele disse se levantando, eu ia me levantar também quando Thiago pegou na minha mão e eu gelei.
- Fica aqui, eu te levo para casa, claro, se o senhor deixar – ele sorriu para mim e para John, eu olhei para meu pai com um olhar suplicante de que ele me tirasse dessa. “Por favor John, diga que tem que me deixar em casa, diga que tem que me deixar em casa, diga que tem que me deixar em casa...” Fiquei repetindo isso mentalmente.
-Claro, se ela quiser – meu pai concordou sorridente, meu coração parou e depois eu senti o sangue queimar nas minhas veias de tão rápido que ele bateu em seguida.
- Ahn... T-t-udo bem então... – Gaguejei sem graça, mas forçando um sorriso.
- Então levanta e dá um beijo em seu pai que agora ele vai para o aeroporto pegar um avião para poder resolver tudo para morar aqui para sempre – eu sorri e levantei para abraçá-lo.
- Obrigada Pai – eu disse no pé do ouvido dele, mas ao mesmo tempo eu queria bater nele por me deixar ali. 
- Pelo que? – Ele perguntou ainda abraçado a mim.
- Por não me odiar, por não ter desistido de mim quando eu te tratava como um estranho – eu mordi o lábio inferior.
- Obrigada você por me aceitar – ele disse e eu sorri. – Ah, e como está o Dougie?
- Ele volta para a escola semana que vem – eu disse sorrindo e me afastando dele, desfazendo o abraço.
- Mande lembranças para ele – disse sorrindo.
- Até mais ver rapaz! – Meu pai disse estendendo a mão para Thiago, esse que levantou e apertou firmemente a mão do mais velho.
- Até mais – Thiago disse sorrindo.
Nisso meu pai saiu e me deixou ali desesperada, pois a medida que ele se afastava meu coração aumentada a velocidade.
- Seu pai é legal – Thiago disse quando meu pai ligou o carro e partiu acenando.
- Sim, ele é... – eu disse encarando o carro até ele sumir.
- Sabe, acho que nunca conversei direito com você depois daquela festa... – Ele disse sorrindo para mim.
- É – eu respondi, o que eu falaria?
- Então, animada com a saída do Dougie do hospital? – Ele perguntou de novo.
- Sim, não agüentava mais ter que vê-lo naquele lugar – respondi algo concreto agora.
- Ele tem sorte – Thiago disse enquanto tomava um gole do seu suco que havia acabado de chegar.
- Porque? – Fiquei confusa.
- Por ter você cuidando tão bem dele – ele deu de ombros. Eu nunca sei o que falar quando ficam mandando essas indiretas para mim, fiquei sem fala.
- Você deveria achar alguém assim para você – eu tentei mudar o foco da conversa para ele.
- Na verdade é difícil achar alguém quando você não consegue olhar para os lados – ele agora me encarava, seus olhos estavam fixados aos meus, eu abaixei os meus para as minhas unhas que ficaram interessantes naquele momento.
- Não olha porque não quer, tem um monte de garotas que gostariam de uma chance – eu disse e olhei para uma garota que passava e o encarava, ele olhou para ela e em menos de um segundo me olhava novamente.
- Mas a que eu quero dar a chance não deseja isso – ele disse e eu perdi literalmente o ar. Me levantei da cadeira de supetão.
- Acho melhor eu ir, minha mãe deve ter chegado em casa já – eu disse enquanto colocava o casaco. – Até mais Thiago! – Eu disse e quando fui dar um beijinho de despedida no rosto dele ele negou.
- Eu te levo, vamos – ele se levantou e pegou seu casaco o vestindo.
- Tudo bem – eu disse. “Seria mais seguro eu ir a pé, merda”
- Susan, o que exatamente a Paola fez? – Perguntou ele quando já estávamos dentro do carro.
- Ela não te contou? – Perguntei irônica.
- Não, ela é uma idiota – ele respondeu amargo.
- Bom, ela estava no quarto quando Dougie acordou e disse ser a namorada dele, ou seja, eu, daí ela ficou falando que eu era Paola e ela era Susan, ela até ficou beijando ele – trinquei por dentro ao lembrar essa parte.
- Mas como Dougie descobriu a verdade? – Perguntou ele.
- O Harry estava com ela no quarto quando ele acordou e ficou desmentindo ela, embora ela estivesse insistindo em mentir – dei de ombros.
- Nossa, que horror, ela não pode ser da minha família – Thiago se lamentou.
- Infelizmente não escolhemos nossos parentes – eu dei um sorriso amarelo para ele.
- É, infelizmente – ele concordou, sorrindo galanteador quando ele parou na frente da minha casa nova, que por sinal fica no bairro dele. – Chegamos!
- Como sabia onde eu moro agora? – Perguntei curiosa.
- Segredo de estado – ele respondeu e eu ri.
- Ok senhor segredo, obrigada pela carona – eu ia abrindo a porta do carro quando ele segurou minha mão esquerda.
- Não ganho nem um beijo de despedida? – Perguntou fazendo bico e eu ri sem graça.
- Ganha – respondi me aproximando dele para dar um beijo na bochecha, mas ele se virou e acabou que eu beijei o lado da sua boca. Me afastei rápido e olhei assustada para ele. – O que foi isso?
- Não resisti, me perdoa – ele disse arrependido.
- Só não faça isso novamente! – O adverti saindo do carro rápido antes que ele tentasse mais coisas.

Capítulo 37

- Calma Dougie – Tom disse olhando para a pessoa que tinha acabado de entrar e todos no quarto se levantaram automaticamente e se puseram ao meu lado na cama.
- Nossa, que recepção calorosa – Paola disse sorridente. – Vejo que está melhor.
- Sai daqui sua doida – eu falei cada palavra pausadamente.
- Porque meu amor? Antes de você sair da minha casa e sofrer esse acidente você estava convicto de terminar com essa sem sal e ficar comigo...
- Você está louca, ele estava saindo da MINHA casa quando ele sofreu esse acidente – Susan pronunciou alterada, ficou um silêncio no ar, pois, depois da declaração de Paola eu fiquei pensativo porque eu finalmente caí em mim e lembrei de que eu realmente estava saindo da casa dela, lembro que ela me ligou e pediu que eu fosse na casa dela ajudar com o quintal, eu achei muito estranho mas fui, quando cheguei lá ajudei ela a colocar a sujeira nos sacos de lixo e levar para fora, ela me ofereceu um suco e algumas bolachas e eu aceitei, mas quando eu estava me despedindo dela, ela me deu um selinho, eu chamei ela de doida e saí meio atordoado e por isso fui atropelado.
- Será que vocês poderiam sair do quarto? – Pedi depois de alguns segundos, Susan me olhava estranho, acho que ela percebeu porque eu fiquei quieto depois do que Paola disse, com certeza ela acreditou na garota, eu precisava falar com ela. Todos saíram, Paola resistiu, queria ficar, mas Lara a puxou pela roupa, Paola só não deu um piti porque passou uma enfermeira na porta do meu quarto e brigou com elas, Susan ia saindo também.
- Não, espera, preciso falar com você – Susan parou onde estava e virou lentamente, seu olhar estava triste e eu juro ter visto lágrimas se formando nos olhos dela.
- Dougie, porque você ficou quieto quando ela disse aquilo? Sabia que para mim quem caça consente? – Agora as lágrimas no rosto dela já estavam rolando, não muitas pois ela as seguravam, mas eu senti um nó na garganta.
- É por isso que preciso falar com você – ela ficou no mesmo lugar, não moveu um centímetro, apenas cruzou os braços.
- Pode falar, vai terminar comigo para ficar com ela, aquilo que você disse quando acordou era uma mentira, já sei, eu já sei, não quero ouvir de você, vai doer mais – Ela tentava não chorar, mas era impossível.
- NÃO, Susan, deixa eu explicar, por favor, não vou terminar com você, eu te amo – quando eu disse essas palavras ela fechou os olhos e respirou fundo e começou a chorar e soluçar. – Senta aqui, por favor, vamos conversar, eu vou te falar como foi o acidente, eu fiquei quieto porque eu estava lembrando...
Ela veio até a cadeira do meu lado e puxou-a um pouco para trás, se sentando em seguida.
- Foi assim, depois que eu saí da tua casa, Paola me ligou, pediu para mim ir na sua casa ajudá-la a terminar de limpar o quintal, eu fui, achei muito estranho, mas fui, ela disse que Thiago no atendia o celular e ela não tinha dos outros meninos, então depois de terminado o trabalho ela me ofereceu um lanchinho e eu aceitei e... – Parei nessa parte e respirei fundo enquanto Susan ouvia tudo em silencio, ela já tinha parado de chorar. – Quando eu fui me despedir dela ela me roubou um selinho, mas eu me afastei dela a chamei de doida e saí andando atordoado, foi por isso que não vi o carro saindo da garagem...
- Ela te beijou? – Parece que foi a única coisa que ela absorveu da história.
- Foi, mas eu nunca mais quero chegar perto dessa maluca – eu acrescentei rapidamente.
- Dougie, porque ela tinha seu número de telefone? Porque você foi ajudá-la? Você não estaria aqui se não tivesse ido... – Ela falava com um voz de choro.
- Primeiro... – eu disse puxando a cadeira de Susan mais para perto de mim com toda a força que eu não tinha e peguei na sua mão. – Eu não dei meu número para ela e não sei como conseguiu, segundo, eu não consigo não ajudar as pessoas, me sentiria horrível mais tarde, por isso eu fui, mas quebrei a cara...
- E a cabeça... – Susan já brincava comigo, os dois rimos. – Mas porque ela falou que você iria me deixar?
Ela voltou a tocar no assunto e a ficar séria.
- Porque ela é louca – depositei um beijo na mãe de Susan e a puxei para mim, ela se levantou e ficou com o rosto bem próximo ao meu. – Olha, esquece essa garota, quero distância dela...
Susan sorriu comigo e logo nos beijamos.

OFF Dougie’s POV’s


Abri a porta da casa do Dougie e os garotos ajudavam-no a subir as escadas, ele recebeu alta dos médicos para ir para casa, tinha recuperado toda a memória e todos estavam alertados sobre Paola, ela não fazia mais parte do nosso grupo, se bem que eu acho que nunca fez, ela é muito diferente.
- Em casa finalmente! – Dougie disse enquanto os guys os ajudava a sentar no sofá. – Gente, eu estou bem, só fiquei tonto ao sair do carro, vocês parecem bichinhas querendo pegar em um macho!
Todos na sala riram, Dougie, o nosso Dougie palhacento de sempre havia voltado.
- Ai amor, você me descobriu, agora deixa eu te beijar! – Harry disse tentando beijar Dougie que o impediu com a mão, esse clima deles anima qualquer um, até mesmo eu que estava um pouco triste porque meu pai havia viajado de tarde, ele passaria duas semanas fora resolvendo as coisas para que ele viesse morar na cidade, mas ele nem se despediu de mim.
- Suuuuuuh, você não vai me ajudar aqui não é? – Dougie gritou para mim. – Saaaaaaaai Harryyyyyyyy.
- Eu não, vocês que se resolvam – disse rindo, Tia Sam entrou logo em seguida na casa com o chofer seguindo-a.
- Gente, que isso, o Dougie mal saiu do hospital e vocês já estão desse jeito? – Ela brincou.
- Mãe, me ajuda aquiiiiiii – Dougie agora tentava fazer com que não apenas Harry, mas Danny parassem de beijá-lo.
- Meninos, o Dougie não tomou banho hoje – Tia Sam disse e os garotos saíram de perto do garoto fingindo cuspir e limpando a língua, todos riram na sala, menos os dois.
- Dougie seu porco, deve ter um monte de bactérias de hospital na minha boca – Harry disse.
- Eu não mandei vocês me beijarem – Respondeu o garoto rindo.
- Cara, vocês são sinistros – Tia Sam disse subindo as escadas com o chofer atrás dela com as coisas do Dougie.
- Então Dougie, pronto pra voltar a estudar? Depois de uma semana e meia perdeu muita coisa hein – Tom chegou na casa animado.
- Cara, não fala em escola, acabei de chegar em casa – Dougie riu. – E posso saber onde o senhor estava Thomas?
Tom ficou vermelho, ele era o único que não estava quando o Dougie saiu do hospital, eu sabia onde ele estava, mas não comentei com ninguém.
- Ah eu estava com a Maira... – Ele disse baixo e todo mundo em uníssono fez um “huuuuuuuuuuuuuuuuuuum” o que o deixou mais vermelho.
- Esqueci que ele namora – Danny caçoou do amigo.
- Cala a boca Jones – Ele disse dando um tapa na cabeça do garoto que mostrou língua para ele. – Você bem que está afim da Lara e não fala nada, pelo menos eu tenho atitude...
Tom ficou estático quando percebeu que eu estava na sala, Danny o fuzilou e os outros ficaram quietos.
- THOMAS SEU IMBECIL NÃO ERA PRA NINGUÉM SABER! – Danny brigou com o amigo.
- Ah já foi, mas ninguém daqui vai falar para ela não é? – Perguntou Tom olhando para mim, eu fiquei sem saber o que fazer, mas eu acho que não devo me meter na vida de ninguém.
- Por mim morre aqui! – Eu disse levantando as mãos ao ar.
- Por mim também – Dougie me apoiou.
- Mas Suh... – Danny disse coçando a nuca, “É impressão minha ou ele está vermelho?”.
- Sim? – Perguntei quando ele demorou a responder.
- Você acha que... Bem, a Lara... Ela... Você sabe... Por mim? – Confesso que me deu uma vontade incontrolável de rir dele, a cena foi engraçada, mas contive meu riso e fiquei balançando a cabeça enquanto ele falava.
- Olha, Danny, você consegue despertar um lado negro nela, um que eu nunca tinha visto, mas ela nunca comentou nada de você comigo... – Eu dei de ombros.
- Ah... – Ele disse dando um sorriso amarelo. – Eu vou tomar banho então...
- Tudo bem, vai lá fedido – Brinquei. Ele na verdade estava era fugindo, mas eu não me importei, deixei ele ir. – Gente, eu também tenho que ir, tenho prova amanhã e não sei nada.
- Já amor? Nem deu para te aproveitar – Dougie fez biquinho.
- Você tem seus outros amores – eu mostrei para Harry e Tom. – Eles vão cuidar de você.
Harry fez uma cara pervertida e Tom de “vem cá tesão” e eu ri da cara de medo do Dougie.
- NÃO, eles tem casco grosso, você é macia – ele se levantou e me abraçou pela cintura. – Você não tem barba, tem um cabelo lindo e olhos castanhos que eu me perco, eles não...
- Dougie, o Tom tem olhos castanhos também, não tem barba e cabelo cumprido – eu disse rindo, ele me olhou emburrado me soltando em seguida e sentando no sofá de braços cruzados. – Own Dougie, vem cá seu fofo, só não posso mesmo ficar, eu até iria te chamar para me levar em casa, mas...
- THIS! Lets go... – Dougie me interrompeu e se levantou na hora do sofá, mas sentiu uma tontura e sentou.
- Como eu ia dizendo, mas você está de repouso e não pode ir – eu disse abraçando ele, que havia se levantado novamente.
- Aff Susan, acho que você nem quer ficar comigo mais – Dougie fez ceninha.
- Pow Harry, imagina se quisesse... – Tom entrou no meio da conversa, quando olhamos para o lado eles estavam nos imitando, Dougie e eu rimos da cena.
- Pois é né Tom? Não agüentávamos mais a Suh falando que queria estar no hospital e não na escola... – Harry respondeu com um dedo na boca.
- Cara, vocês são tão gays... – Dougie rolou os olho rindo.
- Você acha? – Tom perguntou com voz fina imitando um gay.
- Não, imagina – Dougie respondeu irônico.
- Gente, tenho que ir! – Eu disse soltando Dougie e dando um selinho nele. – Até mais amor, amanhã depois da aula eu estou aqui.
- Tudo bem, é o jeito né? – Dougie fez uma cara de cachorro sem dono que me deu dó dele e vontade de ficar, mais do que eu já estava.
Me despedi dele e saí, chegando em casa dou de cara com a minha mãe na porta com uma bolsa na mão.
- Vai onde mamãe? – Perguntei olhando dela para a bolsa e da bolsa para ela.
- Ao hospital – Marcelo apareceu por trás dela falando e pegando a bolsa de suas mãos.
- Hospital? Porque? Você está bem? – Comecei a perguntar e me aproximar de mamãe, ela estava com a barriguinha aparecendo já, afinal estava com 4 meses.
- Não é nada comigo filha, é que a prima do Marcelo está internada e eu vou levar roupas para ela, eu estou bem – ela respondeu e eu respirei aliviada. – Até te chamaria para ir junto, mas eu acho que você não vai querer.
- É, realmente, eu quero apenas tomar um banho e cair na cama – eu disse rindo sem graça.
- Então você não vai querer dar uma volta com seu pai? – Ouvi meu pai atrás de mim perguntar. Me virei sorrindo.

- John! Opa, quero dizer, Pai – eu disse correndo até ele. – Você não tinha viajado?
- Eu adiei para poder sair com você um pouco antes de ir – ele deu de ombros me abraçando de lado.
- Suh, você vai ficar ou posso trancar a porta? – Perguntou mamãe do hall. - Pode trancar, eu vou dar uma voltinha – eu respondi piscando para meu pai.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Capítulo 36

O médico ficou mexendo em umas coisas e eu reclamei de dor de cabeça e que estava meio tonto, ele continuou olhando os papeis e começou a falar:
- Bom mocinho, você bateu a cabeça e ficou desacordado por alguns dias, então eu recomendo que tente se estressar o mínimo possível, eu acho que isso era que você não estava tendo antes que eu chegasse – ele riscou alguma coisa nos papeis -, por isso a tontura, a dor de cabeça ainda é pela força da batida.
Não falei nada, apenas assenti com a cabeça e encostei a mesma no travesseiro fechando os olhos, alguns minutos depois eu dormi novamente.

Senti algo tocar minha mãe e achei que fazia parte d sonho que estava tendo, mas depois eu ouvi sussurros e fui abrindo os olhos lentamente.
- ... Ele não vai acordar? – Ouvi uma garota linda sentada ao meu lado e segurando minha mão falar. Sorri para ela, ela me deixou feliz, mas quem era ela? – Dougie!
Ela sorriu e me abraçou. Eu a abracei também e senti o perfume delicioso que ela exalava, não quis largá-la, mas ela se afastou um pouco e me deu um selinho e eu sorri de novo.
Não sabia o que falar e fiquei quieto.
- Acho que ele não está lembrando do seu nome... – Harry falou me salvando.
- Como assim? – Ela olhou de Harry para mim e de mim para Harry esperando resposta.
- Eu acordei e lembro de conhecer as pessoas, mas não lembro os nomes – respondi receoso.
- Você se lembra de mim? – Ela perguntou querendo ouvir sim e eu fiquei perdido, não sabia o que falar.
- Suh, não força a barra com ele, ele acabou de acordar... – Harry falou tentando me proteger depois do meu longo silêncio.
- Não dude, tudo bem, eu posso responder, só estava organizando os pensamentos... – Eu respondi alarmado. – Eu acho que sei quem é você, você é a Susan, não é?
Ela abriu um sorriso lindo e me abraçou de novo, dessa vez quando ela foi se afastar eu não deixei.
- Hey Dougie, você se lembra de mim! – Ela disse ainda no abraço parecendo não acreditar.
- Sim, Harry falou mais cedo que eu tinha uma namorada e que não era a garota que estava aqui e que insistia em falar que se chamava Susan, mas eu não... – ela se afastou bruscamente me olhando com o cenho franzido e olhou brava para Harry.
- Como é que é? – Ela foi em direção ao sofá que Harry estava sentado olhando alguma revista, acho que para não ficar segurando vela por conta do abraço que estávamos dando.
- Eu não quis te contar Suh, a Paola... – Ele começou e Susan não o deixou terminar de falar.
- Não tem nada disso, você deveria ter me falado antes, o que a Paola fez? – Perguntou ela, e acho que ela só não gritava por estar em um hospital.
- Quando o Dougie acordou ela ficou falando que ela era você e que era a namorada dele, que você era uma doida chamada Paola e que queria roubar o Dougie dela... – Ele parou de falar e balançou a cabeça negativamente enquanto Susan estava de boca aberta e eu observava tudo. – Ela é louca, nunca fui com a cara dela.
- Eu SEMPRE soube que ela era doida, mas ninguém acreditava em mim... – Susan sentou pálida no sofá por alguns minutos e depois levantou vindo rapidamente ao lado do meu leito e pegou minha mão. – Você não acreditou nela não é mesmo? Ela é a louca, eu não...
Susan começou a disparar as palavras para mim e eu coloquei meu dedo em seus lábios para ela parar de falar.
- Na verdade, eu estava confuso, não sabia quem era quem, mas agora, depois de abrir os olhos e te ver, eu percebi quem é a mentirosa da história – eu sorri e ela relaxou sentando na cadeira ao meu lado.
- Obrigada... – Ela sussurrou e eu tive o impulso de dar-lhe um selinho.
- Gente, eu vou ir na cantina comer algo – Harry disse saindo da sala.
- Tudo bem – respondemos Susan e eu juntos.
- Dougie? – Ouvi ela me chamar depois de alguns segundos que meu amigo deixou o quarto.
- Sim? – Respondi olhando para ela.
- Como é conhecer as pessoas e não lembrar o nome? – Ela coçou a cabeça.
- Ah é muito estranho, eu lembro de tudo, menos dos nomes, tem também o fato de eu ver a pessoa e lembrar de alguns momentos com elas, mas só alguns bem vagos... – Desabafei. – É estranho, mas eu perguntei para a enfermeira e ela disse que isso é porque meu cérebro está um pouco inchado ainda, mas que com os remédios que estou tomando logo eu ficarei bom.
- Assim espero! – Ela disse pegando minha mão e ficamos nos encarando e sorrindo.
De repente eu ouço uma barulheira no corredor, Susan ficou vermelha e começou a rir.
- O que foi? – Perguntei confuso.
- Sabe, acho que suas visitas chegaram! – Respondeu ela e ao mesmo tempo entrou um bando de gente no meu quarto fazendo o maior barulho, acho que eles não se tocaram de que aquilo era um hospital.
- Gente, cala a boca! – Uma das meninas disse dando um tapa na cabeça de um garoto de chapinha e cheio de sardas pelo corpo. – Danny, você é uma anta, para de atormentar o Tom, estamos num hospital, não na casa da mãe Debbie.
A menina gargalhou e um loiro meio gordinho lhe mostrou dedo.
- Hey Dougieeeee! – Uma loira bem bonita me abraçou quando chegou perto da cama.
- Gente, ele não lembra dos nomes das pessoas, então colaborem né? – Susan disse.
- Como assim? – Perguntou uma garota que estava séria.
- Longa história – Resmungou Susan. – Dougie, esses são Tom, Maira, Danny, Priscilla e Lara.
- Cara, eu lembro dos meninos, eles são da minha banda? – Disse sorrindo e dando um tchauzinho para eles e eles concordaram com a cabeça. – Das meninas eu lembro também, mas só de estarmos em uma praça conversando...
- Caraca, pra quem está com o cérebro inchado você está lembrando bem das coisas – Danny disse rindo.
Harry entrou na sala novamente e eu vi Priscilla sorrir involuntariamente e logo disfarçar.
- Não agüentou ficar longe de nós Harry? – Susan cutucou-o e ele riu.
-É, eu acho que vocês não vão querer mais de uma vela aqui né? – Ele respondeu sarcasticamente.
- Como assim? Aqui não tem vela dude – Danny fez uma cara de mongol e nós rimos.
- Como você é burro – Lara, a menina séria rolou os olhos. – Ele disse sobre ficar vendo eles se agarrando.
Danny revirou os olhos fez uma careta para a menina.
- A conversa não chegou no chiqueiro! – Danny rebateu.
- A porque você está falando então? – Lara enfrentou Danny.
- Porque...
- Vocês dois calem a boca – Tom brigou com eles e todos na sala riram.
- Fala para ela ficar na dela então – Danny cruzou os braços e fez bico.
- Ah eu...
- CHEGA! – Gritamos todos juntos no quarto.
- Cara, como vocês são chatos – Priscilla falou indo se sentar.
Danny e Lara iam retrucar, mas Susan os cortou.
- Se quiserem brigar vão para fora do quarto, se vocês não perceberam isso é um hospital para vocês ficarem trocando amores aqui dessa maneira! – Ela disse se levantando da cadeira ao meu lado.
- Desculpa Suh – Lara fez bico e abaixou a cabeça.
- Ah você é uma chata, não pode fazer esse bico... – Susan disse rindo e a garota riu também.
- Sabia que você nunca resistiria a ele – Riu Lara.
- Safada! – Susan disse e logo em seguida a porta foi aberta.
Todos ficaram de olhos esbugalhados e boca aberta ao ver quem era.
- O que você faz aqui? – Perguntei vermelho de raiva.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capítulo 35


Acordar exatamente não foi o que eu fiz já que fechar os olhos foi o que eu não fiz a noite toda, eu me levantei e fui tomar um banho quando ouvi barulhos da minha mãe pela casa. Depois do banho eu desci e minha mãe me obrigou a comer uma torrada com leite.
- Filha, você vai ficar a tarde toda lá de novo? – Perguntou minha mãe me tirando do transe que eu me encontrava enquanto mastigava um pedaço de torrada como se fosse borracha.
- Claro! – Respondi paciente.
- Mas... E a escola? – Perguntou ela de novo e eu a olhei cética.
- Mamãe, você acha sinceramente, que eu vou conseguir prestar atenção em alguma coisa na escola enquanto o Dougie não melhorar? – Falei devagar e com tom de obviedade na voz.
- Sinceramente não, mas acho que suas amigas pelo menos te distrairia um pouco... – Ela deu de ombros – Mas tudo bem, eu te entendo.
- Obrigada – disse me levantando da mesa. – A senhora me dá uma carona até o hospital?
- Claro que sim, quero saber como ele está também, não é só você quem está preocupada! – Ela disse se levantando também. – Vou só pegar minha bolsa e já volto, espere no carro.
Eu fui para o carro e fique a esperando.
Rapidamente estávamos no hospital, quando chegamos lá apenas Harry estava no corredor.
- Onde estão os outros? – Perguntei assim que me aproximei do garoto.
- Eles foram para a escola... – Respondeu tristemente.
- E você não foi também por que? – Pergunta idiota a minha, mas se os outros tinham ido, porque ele não poderia ter ido também?
- Não tenho cabeça para isso – deu de ombros.
- Filha, vou ver como ele está e ir embora, tudo bem? – Eu tinha esquecido que minha mãe estava comigo e só fui lembrar disso ao ouvi-la me falar.
- Claro mãe, obrigada por ter me trazido! – Eu disse lhe dando um beijo no rosto e ela seguiu um pouco mais a frente entrando no quarto onde Dougie se encontrava.
- Ela gosta dele não é? – Perguntou Harry e eu acenei positivo.
- Por mais que não se conheçam muito bem, ela sabe que ele é legal...
- E ela está certa então – os olhos de Harry começaram a ficar vermelhos e sua voz falha. – Ele não merecia estar nesse estado...
Eu me sentei o puxando também e o abracei de lado e alguns segundos depois, com certa resistência, ele estava chorando no meu ombro.
- Calma Harry, eu sei o que você está sentindo... – Eu não poderia dar-lhe uma palavra de conforto já que eu também precisava de uma, pois me encontrava na mesma situação que ele, só que agora era a minha vez de ser forte e não chorar.
- Você deve estar achando ridículo um garoto chorar não é? – Perguntou ele depois de levantar a cabeça e limpar os olhos.
Ele estava vermelho e seus olhos inchados pelo choro. Sorriu envergonhado.
- Não, eu não gosto de meninos que nunca choram, é do ser humano chorar – eu disse sorrindo de leve para ele.
- Mas é estranho... – Eu revirei os olhos desistindo de discutir com ele sobre isso.
- Bom, vamos vê-lo? – Perguntei levantando e estendendo a mão para ele.
- Claro, eu não queria ir lá sozinho, por isso estava esperando alguém chegar para ir comigo – ele respondeu me abraçando de lado.
- Sou sua heroína – respondi enquanto entrávamos no quarto.
Uma enfermeira se encontrava ao lado de Dougie examinando sua pulsação.
- Olá garotos – ela disse simpática.
- Olá – respondemos juntos.
- Como ele está? – Perguntei.
- Na mesma – ela fez uma cara de sinto muito para nós e saiu.
Nos aproximamos de Dougie, eu de um lado da cama e Harry do outro.
- Hey dude, acorda, você não combina com tanta quietude, você é o mais agitado de nós... Dói te ver assim, de olhos fechados – Harry começou a falar sem vergonha nenhuma por eu estar no quarto com ele. “Esse menino é especial” pensei.
- Isso mesmo Dougie, escuta o Harry, a gente está sentindo sua falta, abre os olhos... – Uma lágrima caiu dos meus olhos. – Por favor!
A última frase saiu como um sussurro e logo eu desabei, alguns segundos depois eu senti Harry me abraçando de lado e eu encostei em seu peito e chorei.
- Acho que agora é sua vez não é? – Harry disse alisando meu cabelo enquanto eu molhava sua camisa.
- Não quero chorar, mas... – Não consegui terminar de falar.
- Tudo bem pode chorar – Ele disse me reconfortando.
Ficamos ali no quarto por algum tempo, claro que parei de chorar algum tempinho depois e ficamos conversando com Dougie e lembrando das coisas como se ele estivesse participando da conversa.
- Suh, eu vou ir ao banheiro – Harry disse indo para a porta.
- Eu vou com você, também preciso ir – disse o acompanhando.
Fomos juntos até as portas dos banheiros até o corredor que dividia os banheiros masculinos e femininos, demorei mais que Harry, óbvio, e quando voltamos ao quarto qual não foi nossa surpresa.
- O que vocês fazem aqui? – Perguntei confusa.
- Viemos ver como Dougie está – Paola respondeu com pesar na voz.
- É, os garotos disseram que ele estava internado em coma e aí resolvemos vir depois das aulas – Thiago respondeu vindo me abraçar. – Sinto muito Suh.
- Ele não morreu ainda... – Respondi de reflexo pela forma que Thiago pronunciou a frase.
- Desculpa, não quis lhe dar essa impressão – ele disse sem graça.
- Não, tudo bem, desculpe a mim – eu disse sem graça também.
- Há quanto tempo ele está aqui? – Perguntou Paola.
- Tem alguns dias – Harry respondeu se sentando no sofá.
- E ninguém ficou sabendo... – Ela disse franzindo a testa.
- É, preferimos não contar para ninguém, mas a Suh descobriu – Ele olhou para mim cético.
- E porque não queria avisar ninguém? Acharam que pensaríamos que ele tinha evaporado do mapa? – Perguntou Thiago, inconveniente.
- Claro que não, só achávamos que ele iria acordar rápido, a tempo de ninguém saber da história.
- Ah sim – Thiago respondeu se levantando.
- Vou indo embora, você vem Paola? – Perguntou o garoto para a prima.
- Não Thiago, eu vou depois, pode ir... – Ela deu um sorriso fraco para ele.
Paola ficou a tarde toda conosco, Tia Sam, Jazzie e as garotas vieram ver como Dougie estava junto com os guys, todos estavam tão comovidos que até o Jones parou de implicar com a Lara, “ok gente, mesmo meu namorado estando em coma eu tenho que prestar atenção no mundo tá?”.
Já era hora de voltar para casa e Paola ainda estava lá no hospital, eu não gostei muito disso, ela nem falava com ele direito, mas tudo bem, vai que ela queria fazer companhia para mim? Ou ela estava querendo ficar sozinha com o Dougie para beijá-lo. “Mesmo Dougie estando desacordado eu POSSO sentir ciúmes ok?”.
- Você quer carona Paola? – Perguntou minha mãe para a garota que estava saindo para o corredor conosco, Harry ficaria com Dougie até a Tia Sam aparecer.
- Não, depois eu vou de táxi, podem ir – ela deu um sorriso amarelo e eu quis ficar, mas Harry estaria ali e ela não faria nada com MEU Dougie lindo.
- Tudo bem, boa noite então – Dona Cintia atirada que só ela foi e deu um beijo na garota.
- Boa noite Tia – “Espera, eu ouvi ela chamar minha mãe de Tia? Quem lhe deu essa liberdade?”
- Boa noite – disse o mais natural possível me corroendo de raiva por dentro.
- Boa noite Suh, durma bem – ela me deu um beijo no rosto.
Saímos do hospital comigo pisando duro, com raiva e o coração doendo. Quando chegamos em casa eu fui direto para o banho e depois deitei na cama pensando ser para mais uma noite sem dormir.
Deitada na cama eu fiquei pensando o porquê daquela raiva que eu estava sentindo da Paola, ela é uma pessoa legal e gosta de ajudar as pessoas, na visão das outras pessoas. Aos meus olhos, não sei por que, mas parece que era tudo falso, cada palavra que ela dizia, cada sorriso...
Sem querer eu acabei pegando no sono.

ON Dougie’s POV’s

Acordei e olhei para o lado e a primeira pessoa que vejo é uma garota linda, eu me lembro dela, mas não sei quem é, ela está distraída lixando a unha.
- Oi... – Comecei a falar e minha voz quase não saiu, minha garganta doeu e minha cabeça latejou.
- Dougie! – A garota pareceu assustada e logo depois abriu um sorriso. – Você acordou, espera aqui que eu vou chamar uma enfermeira!
Ela saiu correndo do quarto antes que eu pudesse dizer algo. Mas quem era aquela menina? Porque eu estou deitado nessa cama? Tentei me levantar, mas novamente minha cabeça doeu.
- Aaai – resmunguei.
- Dougie! – Ouvi uma voz masculina me chamar, era conhecida.
- Quem é você? – Perguntei confuso para o garoto que estava com os olhos lacrimejando olhando para mim emocionado. – Porque eu tenho a impressão de te conhecer?
- Dude, você não se lembra de mim? – Perguntou agora meio triste.
- Não, mas eu me recordo do seu rosto – ele pareceu mais aliviado.
- Dude, eu sou o Harry Judd, seu melhor amigo... – Quando ele disse esse nome vieram vários flashes na minha cabeça.
- Harry... Eu me lembro de você... Você é um baterista... E namora uma menina... – Não soube definir como era a menina e cresceu dentro de mim uma raiva ao lembrar dele com a menina, mas eu me contive.
- Não namoro ninguém , mas sim, sou baterista! – Ele disse sorrindo fraco.
- Ah, desculpa... – Ficamos em silêncio algum tempo até que a curiosidade me venceu. – O que aconteceu comigo?
- Você... Bem, você sofreu um acidente e ficou em coma por alguns dias – Harry me falou e eu ouvi o “pi-pi-pi” irritante da máquina que media minha pulsação aumentar de uma hora para outra.
- C-como assim? Acidente? Coma? – Eu estava ficando tonto.
- Calma dude, calma, já passou... – Ele ficou apurado com meu jeito. – Olha, vou ligar para a Susan, ela vai ficar muito feliz de te ver acordado...
- Quem é Susan? – Perguntei abobalhado.
- É a sua namorada Dougie... – Harry pareceu surpreso, e eu também, nem imaginava que eu tinha uma namorada.
Fiquei calado até que a porta se abriu.
- Dougie, meu amor, eu trouxe os médicos! – Aquela garota que estava no quarto quando acordei entrou no recinto toda sorridente.
- Amor? – Harry perguntou assustado.
- É, você não sabia que somos namorados? – Perguntou a menina. Realmente ela é linda, só que eu não sentia que isso era verdade, parecia faltar alguma coisa nessa minha namorada.
- Oi amor, eu estava com saudade, chorei muito, mas nunca achei que você ia me deixar sozinha aqui por mais tempo, você é forte! – Ela me deu um selinho.
- Paola, você está louca? – Harry perguntou do nada todo vermelho, ele fica assim quando ta nervoso ou estressado, no caso pareceu os dois.
- Quem é Paola aqui? Sou a Susan! – Fique mega confuso ali no quarto, enquanto isso os enfermeiros ainda mexiam em mim, mas alguns segundos depois eles saíram. – Paola ficou em casa, aquela insensível.
-Você é mesmo minha namorada? – Perguntei desconfiado.
- Claro que sou... – Respondeu ela convicta.
- Não Dougie, ela não é sua namorada, ela é a Paola, prima do Thiago que quer ficar com a Susan, não acredita nela! – Harry começou a falar e eu comecei a lembrar.
- Hey garota, você tem algum tipo de problema de cabeça? – Harry perguntou para Paola que estava o olhando indignada.
- Dougie, não acredita nele, ele gosta de mim e quer ficar comigo, por isso que ele está falando essas barbaridades! – Ela se defendeu.
- Barbaridade é o que você esta fazendo, sua safada, desde que te vi eu sabia que você não era gente boa... – Harry começou a falar e um enfermeiro chegou no quarto mandando eles saírem que eu precisava descansar, mas antes de sair a Paola veio e me deu um outro selinho.
- Até agorinha amor! – Saiu em seguida e Harry tentou vir falar comigo, mas o médico chegou e mandou ele sair.