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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Capítulo 27

Chegando em casa, eu entrei quase levando o portão comigo de tanta pressa.
- Calma Suh, assim você não chega viva lá dentro – Ela disse rindo quando eu tropecei no degrau da escada que levava a porta.
- Eu sei, é que estou nervosa! – Disse rindo com ela.
Abri a porta e entrei, nem me dei o trabalho de ser educada e esperar Maira entrar e fechar aporta, ela sabe fazer isso. Fui quase correndo para a cozinha e pude sentir Maira atrás de mim, ela parecia tão nervosa quanto eu, não é para menos, ela sempre soube do um sofrimento, do que eu não falava nem para minha mãe. Amo tanto ela que se fosse homem eu casava com ela, sério.
Quando abri adentrei a cozinha eu estava sorrindo por dentro, mas com o semblante sério, não iria chegar pulando em John, claro que não, mas era o que eu queria fazer.
- Oi gente, cheguei – disse levantando a sobrancelha esquerda quando vi Marcelo ali conversando com John e minha mãe naturalmente como se aquilo fosse coisa que eles faziam todo final de semana.
- Susan – John disse cauteloso.
Continuei calada e agarrei o braço de Maira para me sentir mais protegida e confortável pela presença inesperada de Marcelo ali.
- Não sabia que ele ia var para uma conversa familiar – eu disse desafiadoramente.
- Se é familiar, porque ela está aqui? – Marcelo apontou para Maira e eu o fuzilei.
- Porque ela é família, ela é minha melhor amiga e irmã de consideração que sabe mais d mim do que eu mesma às vezes – lancei um olhar cínico e vitorioso para ele.
- Chega vocês dois! – minha mãe disse brava.
- Parei – eu disse revirando os olhos e cruzando os braços, eu deveria saber que nada na minha vida é do jeito que eu pensava.
- Bom mesmo porque o assunto aqui é sério – ela disse com um tom de autoridade na voz enquanto eu me sentava na mesa ao lado de John e Maira se sentou do meu outro lado. Marcelo e minha mãe se sentaram do outro lado de frente para nós.
- Bom, creio que se todos estamos aqui, é porque todos sabemos de tudo o que está acontecendo né? – ela enfatizou as palavras todos e tudo e depois olhou para Maira que acenou.
- Eu contei tudo para a Maira – disse convencida, minha mãe me lançou um olhar repreensivo que eu ignorei, a vida é minha e eu conto o que eu quiser para quem eu quiser. - Ninguém me pediu segredo!
- Tudo bem, ela tem razão – John disse e eu tive vontade de abraçá-lo pelo menos ele me defendia, mas eu apenas olhei para Maira sorrindo e ela sorriu para mim de novo, ela entendeu que eu me achei o máximo por ele ter falado aquilo.
- Vamos recapitular o que aconteceu. – eu disse chamando a atenção de todos na cozinha. – Já vou avisando que esse é o meu ponto de vista, o que eu entendi...
Ninguém disse nada e eu continuei.
- Minha mãe está grávida e vai se casar com o Marcelo, o John, meu pai – quando eu disse isso ele abriu um sorriso luminoso maior que o do Tom mais cedo quando chegou de surpresa e ouviu o que Maira disse. -, resolveu voltar para a cidade para o caso de não dar certo eu morar com o Marcelo e minha mãe eu ir morar com ele, mas como eu não queria o ver nem pintado de ouro até ter uma conversa reveladora com minha mãe hoje ainda vocês tinham medo de falar isso para mim.
- Exatamente! – John mesmo confirmou ainda sorriso, sua feição estava diferente, uma que uma palavra não faz?
- Bom, agora é a vez de vocês falarem, uma vez que eu já entendi tudo e o assunto não é mais apenas hipotético para mim – será que estou querendo impressionar com minha “maturidade”? Falei bonito agora!
- Agora vou explicar o motivo de Marcelo estar presente aqui hoje – minha mãe disse olhando direto para mim, uma direta bem direta hein! – É que queremos avisar que vamos nos casar daqui há um mês.
Entrei em estado de choque, senti Maira segurar uma de minhas mãos e John segurar a outra.
- Desde... Desde quando...? – Não conseguia falar, tinha um nó na minha garganta, o sentimento de traição foi enorme, armaram tudo pelas minhas costas, não conseguia olhar para minha mãe, mas eu já tinha feito a promessa que não choraria, eu estava parecendo uma criança esses dias, se eu recebesse um não de alguém chorava.
- Desde que descobri que eu estava grávida, mas marcamos o dia do casamento essa semana.
- Por isso você andava tão estranha? Acordando mais cedo que eu, me mimando? Eu sabia que você queria me dizer algo... – eu disse ainda lunática.
- Isso mesmo, para você ver que não escondemos nada de você por muito tempo, mas o problema era que você não parava muito em casa e quando estava acompanhada, dormindo ou eu não estava em casa – ela disse adivinhando que eu estava me sentindo traída.
- Tem mais... – Marcelo disse e eu o fuzilei com os olhos, não suporto a voz dele, não sei se vou conseguir morar na mesma casa que ele, e agora infelizmente eu teria um irmão tendo ele como pai.
- Tem mais? – Perguntei para minha mãe depois de desviar o olhar do idiota.
- Nós vamos nos mudar para uma casa maior semana que vem – eu arregalei os olhos surpresa.
- MAS JÁ? – gritei sem querer e todos se assustaram na mesa, inclusive eu mesma por minha voz ter saído alta demais.
- Vamos para a casa que eu comprei aqui mesmo nessa rua, aquela da esquina. Ela é maior que essa, tem cinco quartos, todos são suítes, duas salas, duas cozinhas, um quintal enorme com uma piscina, é de dois andares, e tem um terraço, sua mãe disse que você gosta de olhar as estrelas... E o melhore de tudo, você vai poder levar suas amiguinhas lá direto.
Não gostei do jeito que ele falou amiguinhas, eu estremeci na base.
-Tanto faz a casa, o que importa é quem está dentro dela, não adianta morar numa mansão e morar com gente desprezível. Preferia morar num barraco de favela com gente que eu amo – joguei uma indireta nada discreta na cara dele e finalizei com um sorriso sínico.
- Para isso que John está aqui! – Ele retrucou.
- Vai se ferrar – rebati novamente estressada.
- Chega! Vocês terão que superar essa desigualdade, não podem ter uma brechinha que começam a discutir! – Minha mãe se estressou com nossa discussão.  Fiquei quieta no meu canto sem falar mais nada.
- Bom, chegamos no ponto crítico, Suh, não queríamos colocar você nessa posição, mas é impossível escolhermos por você... – John se manifestou – Você vai ter que decidir com quem você vai querer morar, com sua mãe ou comigo.
- O quê? Já? Assim de repente? Não vou ter tempo para pensar pelo menos? – Dei um ataque, me levantei da cadeira e comecei a gritar feito uma louca – vou ter que escolher com quem eu vou morar assim? Numa tarde? Ou eu escolho morar numa casa com minha mãe e o namorado infernal dela ou morar com o meu pai com que eu nunca tive muito contato e que eu ainda preciso conhecer porque a última vez que fizemos papel fraternal eu ainda usava fraudas?
Eu estava andando de uma lado para o outro na cozinha, ninguém me interrompeu e ai de quem fizesse isso também, eu estava fora de mim.
- Suh, se acalma... – Maira se manifestou pela primeira vez desde que se sentou. – Eles vão te dar um tempo para pensar não é? – Ela olhou para os três sentados na mesa que acenaram leve e rapidamente.
Ela se levantou, veio até mim e me levou até a cadeira que eu estava antes.
- Te daremos alguns dias para analisar e escolher Susan, não precisa desse show todo – Marcelo retrucou assim que eu me sentei rendida pelas palavras de Maira.
- Dá para parar de provocá-la? – Minha mãe ralhou com Marcelo que fez uma cara que mesmo eu com raiva não consegui segurar a vontade de rir e lancei um olhar de “bem feito” para ele. Minha mãe se virou para mim e eu voltei minha feição para aborrecida. – O Marcelo tem razão, nós vamos lhe dar alguns dias para pensar.
- Isso é tudo ou tem mais uma bomba para jogar em cima de mim e me deixar mais nervosa, estressada e querendo me matar? – Eu disse me levantando.
- Sim – John me disse e eu olhei surpresa para ele – que você faça uma escola sábia, que faça você feliz.
- Obrigada! – agradeci por ele ser educado e ser o único adulto ali a pensar nos meus sentimentos.
- Cintia, tenho que ir, tenho que contratar algumas pessoas para poder cuidar da nossa casa – Marcelo disse eu senti uma pontada no peito, eu adoro essa minha casa pequena na qual eu cresci, tudo bem que morar numa casa grande, com piscina e ainda mais com um terraço para poder ver as estrelas era perfeito, pena que a casa tinha um defeito. Seu dono.
- Tudo bem amor – eu fiz uma careca quando minha mãe disse isso e deu um selinho nele, para me distrair eu me virei para John que também olhava a cena lamentável.
Das fotos que minha mãe havia me mostrado ele não havia mudado quase nada. Seu cabelo ainda era preto e farto, seus olhos ainda eram verdes, só algumas rugas haviam aparecido embaixo dos olhos quando ele sorria, o que ele fez quando percebeu que eu o olhava.
- O que foi queria? – Ele me perguntou com um sorriso terno.
- Nada, eu estava pensando que você é homem que eu sempre imaginei que queria para ter como pai... Em pensar que eu poderia ter sido menos cabeça dura e ter te aceitado quando você tentou se aproximar de mim... – Eu parei de falar, estava com vergonha de continuar.
- Não se culpe, a culpa foi minha de nunca ter vindo te visitar por egoísmo – ele disse com o olhar triste. – Se eu voltasse no tempo passaria por cima do meu orgulho e viria te ver sempre, talvez assim eu teria evitado tanto sofrimento.
- Mas não pode – eu disse pegando uma das mãos dele. – Então vamos viver cada minuto a partir de agora e esquecer o que se passou.
- Me desculpa? – Ele disse com os olhos cheios de lágrimas e então percebi que uma lágrima caiu dos meus olhos.
- Claro, nem tem o que perdoar... Pai! – Eu disse isso e logo em seguida ele me deu um abraço forte, porém terno chorando tanto que estava começando a soluçar.
- Você não sabe o quanto eu esperei ouvir você falando isso para mim – ele disse quando e acalmou um pouco.
- Você não imagina como essa palavra ficou engasgada na minha garganta a vida toda – eu disse e ele pegou as minhas mãos e beijou.
- Nunca imaginaria que uma menina de 15 anos pudesse ser tão madura como você é! – Ele disse me levantando – Como você é bonita, nem parece aquele bebê que eu pegava no colo quando tinha apenas alguns dias de vida...
- É, eu cresci, estou até namorando! – Porque eu disse isso? me arrependi na hora, porque eu tinha que ter falado isso agora? Não precisava, nem minha mãe sabia ainda... De repente caiu a ficha que Maira e minha mãe ainda estavam na cozinha ainda, principalmente quando a voz da minha mãe pairou pelo ar me fazendo tremer pelo tom de sua voz.
- Que história é essa? – Merda, agora teria que contar tudo para ela e agora que eu tinha feito as pazes com meu pai teria que contar para ele também.
Olhei para Maira e me sentei.
- Sentem-se vocês dois, a história não é longa, mas assim é mais confortável.
Eles se sentaram e eu comecei a contar tudo, do dia em que eu vi ele na praça até o dia em que ele me pediu em namoro. Algumas partes minha mãe sabia, mas tinha alguém ali no cômodo que nem sabia quem era Dougie então tive que contar tudo né! Ainda bem que eu tinha Maira ali do meu lado para ajudar a contar algumas partes.



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