Capítulo 4

Dougie não tinha aberto a boca para falar um “a” sequer, nem sobre o trabalho, ele estava escrevendo algo.

- Dougie? – eu o chamei.

- Oi? – ele respondeu como que se estivesse saindo de um transe.

- Você vai ir à minha casa hoje para fazer o trabalho? Parece que você estava desligado e não ouviu quando a Lara falou... – eu disse meio sem jeito e com medo dele achar que eu sou uma intrometida.

- Ah, desculpa eu ia te perguntar mesmo onde íamos fazer o trabalho, eu tinha esquecido o que a gente estava fazendo e comecei a escrever enquanto vocês estavam discutindo e caí em pensamentos, mas está quase saindo uma música aqui, mas eu estarei lá – ele sorriu e o sinal tocou.

- Tudo bem, vou ir para o intervalo com as meninas, vem com a gente? – As meninas já estavam ao meu lado.

- Vou daqui a pouco, deixa só eu guardar meu caderno aqui, podem ir indo.

Saímos da sala e fomos para a cantina, não éramos daquelas patricinhas que não comem lanche da escola, na verdade, a única coisa que a gente comprava todo dia era o refrigerante, coisas para comer era só quando tinha lanches que a gente não gostava. Enquanto pegávamos a comida eu conversava com a Maira enquanto a Priscilla falava a sobre a sua viagem para Lara.

- Suh, você está tendo algo com o menino novo, o Dougie? Porque vocês chegaram atrasados?

- Não inventa Mai, eu não tenho nada com ele, ele é meu amigo, eu só estava correndo para o banheiro e esbarrei nele, e os papéis dele se espalharam e eu o ajudei a catar, só isso.

- Mas você falou para a professora que estava indo para a sala e não para o banheiro – Maira continuou insistindo.

- Nossa, você não pensa? Está parecendo a Lara – eu falei rindo da cara que ela fez – Se eu falasse para a professora que eu estava indo para o banheiro ela nunca ia me deixar entrar na sala – comecei a rir alto e ela começou a me mandar calar a boca.

- Suh, do que você está rindo? O que tem tanta graça? Cala a boca, eu só sou um pouco lerda. – Maira estava começando a ficar irritada e eu parei.

- Ah amiga, não fica assim, essas crises de risos vem do nada, você sabe muito bem! – ela desfez a cara feia e continuamos conversando sobre o verão, a gente não tinha se falado as férias todas devido o castigo dela.

Durante o intervalo a gente ficou andando e botando as conversas em dia, Priscilla tinha ido visitar os parentes, ela se divertiu muito porque ela tem muitos primos, na sua grande maioria homens, o que ela adora, então ela falou que festou muito e que no meio do ano ia voltar, só que desta vez sozinha. Ela contou que era a primeira vez que ela visitava a família do pai na cidade natal dela lá no Rio Grande do Sul, ela veio para o Mato Grosso quando tinha 2 anos, desde então cresceu em Primavera do Leste e conhecia só alguns parentes que vinha visitá–los de vez em quando. Os pais dela se conheceram enquanto a sua mãe, dona Catarina visitava Campo Grande com a faculdade e o pai dela, o Senhor James, era um dos alunos escolhidos para guiá–los durante o passeio, eles se conheceram e trocaram telefones. O Sr James ligou para Dona Catarina e eles começaram a conversar pelo MSN, ela foi terminar a faculdade no Sul e eles se casaram e resolveram vir morar no Mato Grosso.

Com essa história de Priscilla sobre a família dela que ela foi ficar sabendo nesse verão, nem deu tempo de Maira falar antes que batesse o sinal, mas o que ela tinha para falar? Ela ficou estudando o tempo todo sobre os olhos rigorosos dos pais. Fomos para a sala e eu estranhei, parecia que o Dougie nem tinha saído da sala. Maira e Priscilla foram para o outro lado da sala, “os professores fizeram de propósito me deixar longe da Mai, mas eu ainda tenho a Lara aqui para conversar e agora o Dougie”

- Dougie, você não foi lanchar?

- Não, depois que vocês saíram eu continuei escrevendo e esqueci do tempo.

- Parece que você está sempre no mundo da Lua – eu disse rindo.

- Na verdade é raro eu ficar assim, eu só fico no “mundo da Lua” quando estou inspirado para escrever alguma música, e é isso o que eu estou fazendo, também fico assim quando eu fico longe dos meus amigos, nem queira me ver perto deles – ele riu do seu próprio comentário.

- É, e isso é uma coisa que eu acho que vai demorar a acontecer, afinal, eles moram na Inglaterra – eu disse rindo.

- Nem tanto, eles virão para o Brasil no meio do ano me visitar e para resolver algumas coisas sobre a banda – os olhos dele brilhou quando ele disse isso.

- Que legal, então vocês estão mesmo pensando em fazer a banda ficar famosa?

- Claro, eu falei com eles pelo MSN ontem quando cheguei em casa, o Danny mesmo sendo lerdo e com o cérebro igual ao de um retardado produz músicas perfeitamente bem, já tem um praticamente um CD produzido,só falta gravar.

- Que legal, e se vocês gravarem vou cobrar o meu que você me prometeu.

- Já é garantido, aliás, sabia que os guys estão aprendendo a falar português? Na verdade, eu estava começando a ensiná-los, eles mandam até bem no assunto.

- Legal, é bom que alguns “futuros” famosos saibam o português, assim eles poderão andar o mundo todo – eu disse rindo da minha piada, adoro fazer piada de tudo, porém essa não teve graça. – Mas agora é sério, quase todos os países mandam bem no inglês menos o Brasil, ainda bem que eu sei falar inglês fluentemente.

- Nossa, verdade? É legal quando encontro pessoas que saibam falar o inglês fluente, mas é chato também porque eu não posso falar certas coisas – “engraçado, ele também faz piada de tudo como eu, pelo menos alguém que não leva tudo a sério.”

- Okay, chega de falar disso e vamos fazer tarefa, ou você tem algum assunto legal para a gente conversar? – eu estava sem papo, mas não queria fazer tarefa.

- Er... – ele começou a falar algo quando eu virei a cabeça, parecia que ele estava com vergonha do que ia falar, eu olhei para ele de novo e ele continuou tentando falar – Você.. hum.. Ah, deixa para lá.. – ele falou meio nervoso e se voltou o rosto para a frente, meu coração estava batendo forte não sei porque, eu fiquei olhando pra ele com cara de dúvida, mas concordei com a cabeça e a virei para o caderno.

O resto das aulas a gente não conversou mais. Quando bateu o sinal ele saiu e eu fiquei esperando a Lara terminar de arrumar os materiais dela, ela é tão enrolada que deu tempo das meninas chegarem até a gente e ficar fofocando.

Saímos da escola e cada uma foi para sua casa, eu nem almocei e fui direto para a cama dormir, eu quase nunca durmo a tarde, só quando estou com muito sono, e era o que eu estava sentindo naquele momento e não poderia dormir a tarde por causa do trabalhos que a “querida” professora passou.

Eu acordei era 13:00 da tarde, eu tomei um banho e quando fui para o quarto me vestir lembrei das camisas que eu havia customizado no dia anterior, a dúvida era “qual” delas usar, amei todas. Mas irei usar a Azul com a frase “You Can Take My Breath Away” (você me deixa sem ar).

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